O caso da gaúcha: Construções de identidades em territórios fronteiriço | | Imprimir | |
< Sumário - Volume 2 - Segundo Semestre - 2011 Encontros e Desencontros da/na
Organização Ligia Chiappini O caso da gaúcha:
Daniela de Castro Callado [1] O artigo trata da questão gaúcha entendida sob o aspecto de construção dos novos Estados sul-americanos em fins do século XIX e início do século XX em regiões fronteiriças. O tema está sendo desenvolvido em dissertação orientada pela professora Lígia Chiappini na Universidade Livre de Berlim. A análise refere-se à formação de uma identidade feminina frente ao mito do gaúcho em um cenário de marcação de fronteiras da chamada Comarca Pampeana[2]. Essa análise irá confrontar-se aqui com o atual tema do deslocamento de culturas regionais feito sob a custódia do movimento de mercados em tempos de globalização, adotando a resistência cultural como meio de enfrentar a dependência na maioria das vezes imposta por sistemas nos quais os mercados econômicos regulam as práticas sociais. A época em questão situa-se nas escolas literárias do romantismo tardio e do real-naturalismo, chegando ao pré-modernismo – exatamente um período rico em manifestações artísticas que ultrapassaram os modelos programados, cujos resultados chegaram aos nossos dias. Inicío as análises partindo de 1860, com os romances Lucía Miranda, El medico de San Luís e Pablo o la vida en las Pampas, em 1869-70, de Eduarda Mansilla (1834-1893), passam por José Hernández (1834-1886) e seus Martín Fierro e La Vuelta de Martín Fierro, de 1872 e 1879, chegando em finzinhos de século com os escritores uruguaios Acevedo Díaz (1851-1921), com Ismael (1888) e Nativa (1890), Javier de Viana (1868-1926), com Gaucha (1899) e Sus Mejores Cuentos (1896-1912) e um outro autor argentino, Leopoldo Lugones (1874-1938), com La guerra gaucha, de 1899/1906. Os autores brasileiros entram, neste trabalho, com obras de início do século XX, com João Simões Lopes Neto (1865-1916) e sua obra completa[3], publicada entre 1910 e 1952 e Alcides Maya (1878-1944), com Ruínas Vivas (1910), Tapera (1911) e Alma Bárbara (1922). Para a inserção na época atual, partindo dos trabalhos contemporâneos das últimas décadas, aponto as obras dos argentinos Jorge Luis Borges e César Aira. Alguns textos adicionais de fundamentação teórica básica introduzidos nas análises servem como pontos de orientação para o contexto de literatura de fronteiras imbuída na formação dos novos Estados sul-americanos: o ensaio histórico-fictício de Domingo Faustino Sarmiento (1811-1888), Facundo: Civilización y Barbarie, de 1845 e a poesia lírico-épica de Esteban Echeverría (1805-1851) em La Cautiva (1937) e El Matadero (1938-1840 – publicadas em 1871). Para além, cito ainda obras de outros autores conforme necessário para o entendimento das questões focalizadas em meu trabalho. A literatura gauchesca montou um sistema literário próprio. O conceito de sistema aplicado refere-se a um conjunto de matéria ou idéias que relacionam-se em uma estrutura definida[4]. Em um sistema literário, os elementos formadores aglutinam-se em estruturas maleáveis que se mesclam a todo momento, formando junções compactas. Estas podem mais tarde desligar-se umas das outras, para unirem-se com outros elementos. Os feitios modificam-se à medida que o escritor vai delineando-os e à medida que o leitor vai re-arranjando-os. De modo que, esquecido algum elemento, achatado pelo escritor, crítico e/ou leitor, a obra literária surge aperentemente pensa, estática e incompleta[5]. Contrário a esse critério, o texto narrativo deve ou no mínimo pode ser lido, interpretado e resenhado a partir de qualquer um de seus elementos, como tipo de linguagem, grafia, vocabulário, enredo, trama, características estilísticas, personagens, contextualização histórica etc, partindo daí para o todo. As trocas de elementos podem ser vistas comparativamente em textos de Masilla e Hernández, o que se intensificará com Simões Lopes. O foco no elemento feminino, entretanto, sem esquecer os outros componentes que formam um texto, surge para acrescentar novos estudos sobre a obra, e não para reduzi-la, como muitos parecem erroneamente entender. Estranho parece ser quando o elemento feminino é eliminado sistematicamente – para continuarmos com o termo – sem motivos aparentes. Aqui instala-se a minha curiosidade sobre o tema, desembocando na tese que desenvolvi. Refiro-me à mitificação do gaúcho, tipo que surgiu originariamente no século XVI na região do Río de la Plata, adquiriu feições singulares nos séculos seguintes e alcançou seu ápice em fins do século XIX, com a poesia épica do argentino José Hernández. Sua representação narrada oralmente cunhou-se em versos, contos e romances. Ao longo do século XX, entretanto, ele foi perdendo um tanto de sua áurea. Parece que os escritores[6] esqueceram de reformulá-lo para que acompanhasse os novos tempos (Aqui vale rever tanto o empenho de Jorge Luis Borges quanto o de César Aira no reposicionamento da personagem gaúcha). Um dos questionamentos esquecidos foi justamente o modo como a literatura gauchesca encara a inserção do tema da mulher no espaço público, seja ele o campo, povoações ou cidades e como a recepção deixou de documentar um dos grandes feitos do século XIX: o aparecimento da mulher como sujeito social. Meu texto questiona esse fato, removendo a gaúcha/china do papel de antagonista, de ameaça à existência do tipo pampeano, alçando-a à condição de protagonista de uma recepção que a esqueceu,[7] atualizando também, deste modo, o dualismo protagonismo-antagonismo. Reposiciono o tema sob o aspecto histórico, enfatizando a origem em tempo e lugar de etnias que contribuíram para a constituição do tipo pampeano[8]. Os grupos étnicos diferenciados alcançam a mescla intercultural formadora do que vem a ser o gaúcho[9] na região dos pampas brasileiros, uruguaios e argentinos, principalmente. Eles vem do norte da África – os beduínos –, da península ibérica e do próprio cone sul. No século XVIII, com a aproximação das tribos araucanas que resistiam a abdicar da ocupação econômica com bovinos, adicionalmente com a militarização da fronteira, os “vagos” e os índios se converteram em inimigos internos e externos da nascente classe de estancieiros, ainda que as trocas entre as sociedades indígenas e crioulas fossem contidianas (Donati, 1996, p. 24). O surgimento e a militarização das fronteiras brasileiras, uruguaias e argentinas e o pampa como espaços de entrelaçamento do novo tipo humano atuam como elementos característicos próprios para os questionamentos em torno da presença feminina nas guerras civis e militares e os raptos dos cativos e das cativas. A expansão de gado e do comércio da segunda metade do século XVIII e as ameaças militares das potências rivais causaram a decisão de Madrid de criar o virreinato del Río de la Plata em 1776, incorporando em suas jurisdições os territórios atuais da Argentina, da Bolívia, do Paraguai e do Uruguai. Essa decisão estratégica do poder espanhol sancionou o triunfo dos comerciantes portenhos sobre seus colegas monopolistas de Lima, e orientou as economias regionais do futuro país independente a partir do porto de Buenos Aires (Donati, 1996: 24). Analiso a colocação do feminino em um discurso híbrido e transcultural e em um discurso posto entre os conceitos de civilização e barbárie desde o escritor Domingo Faustino Sarmiento até hoje. Todos os governos independentes posteriores a 1810, independente da facção ou do partido, continuaram e acentuaram as tendências coloniais em favor da grande propriedade territorial, o disciplinamento e expropriação dos pequenos produtores, os gaúchos; criando assim uma “política da generosidade” com os latifundiários, como surge nos textos de Acevedo Díaz. Isso se torna bem claro, por exemplo, no governo de Juan Manuel de Rosas (Donati, 1996, p. 25). Aqui a reflexão sobre o entendimento do que são os estudos de gênero em vista ao surgimento de nações e ao entendimento cultural, ou seja, Mulher e Estado, faz-se necessária face ao desmoronamento do sistema colonial[10]. A ficcionalidade e as perspectivas das narrativas em um contexto de inscrição no mito do gaúcho serão interceptadas, em meu trabalho, sob os conceitos de sujeito político e jurídico. O feminino, como agente político e jurídico, é parte integrante deste novo discurso. A exposição da idéia de literatura como Aufklärung e Berufung (vocação), vista na tradição latinoamericana, confrontou-se com o fato de esta tradição basear-se, ainda, grande parte em referências culturais européias, que tinham a mulher nativa latinoamericana, sob diversos aspectos, como inferior. Construções paralelas entre a realidade histórica do século XIX e o mundo fictício, podem, entretanto, atuar em uma quebra de referências (como em Javier de Viana) e na construção de algo original (como em Mansilla e Simões Lopes), superando o critério de autoridade, comum na tradição latinoamericana, que por muito tempo imperrou-a de deslanchar. Dessa quebra, escritores e escritoras tem as mãos, a opotunidade de criar personagens próximos à realidade latinoamericana[11]. O que, infelizmente, aconteceu apenas esporadicamente. O processo histórico da modernização do campo, que culminou no êxodo do gaúcho do campo para a busca de trabalho na cidade grande, alavancou seu desaparecimento em fins do século XIX e sua tomada progressiva como personagem literário ao longo do mesmo século. Uma vez que o sistema ecônomico das estâncias modificou-se, exigiu-se do dono de terras uma mudança no modo de produção e investimentos no setor agrário. Do gaúcho-peão exigiu-se adaptação na mudança de trabalho, do trato com o gado para a produção de grãos, ou a mudança para a cidade, em busca de outra forma de subsistência[12]. Pergunto se aconteceu o mesmo com as gaúchas. Ou se a cidade tornou-se o local de redenção daquelas a quem foi negado o espaço no campo. A base econômica da região pampeana atada em aspectos históricos dependentes dos conceitos étnicos da cultura serve de orientação para o entendimento da exclusão de identidades étnicas das identidades nacionais. Finalmente os movimentos dialéticos entre situações de fronteiras e o processo de criação são rastreados. As simbologias de gênero, de origem étnica, pertencimento a uma classe social e nacionalidade recaem de modo diferenciado entre o masculino e o feminino. O êxodo rural parece alargar as perspectivas futuras às chinas excluídas do espaço anterior, reduzido, de acordo com uma documentação baseada em feitos masculinos, à plantação e aos afazeres domésticos[13]. Para as gaúchas ou chinas, raramente mostradas na condição de peonas ou soldadas, o elo submetedor aparece no campo de modo mais fixo. O relativismo cultural não pode, no caso da literatura e em nenhum caso, ser utilizado para justificar a opressão da mulher[14]. A relação entre os direitos humanos e discriminação advinta da cultura, o que inclui a literatura, requer um combate aos estereótipos socias advindos de culturas tradicionais. Faz-se mister o papel da obra literária, dentre outros, como poder interpelador e denunciador de esquemas de comportamento incitosos que contém certos costumes onde o valor da mulher é subjugado ao valor do homem – sistematicamente. O relativismo cultural radical manteria que a cultura é a única fonte de validade do direito[15]. Achatar e deslocar a cultura rural para a mera satisfação de uma economia industrializada ávida por um mercado consumidor assenta-se como um mecanismo da modernidade, na qual os discursos velados de uma certa igualdade étnica, sexual e econômica a ser alcançada perpetuam a dependência através de elementos pós-colonialistas. Na intersessão do que passa a ser novo, sem na verdade ser, as qualidades intrínsecas de cada sujeito perdem-se no autoritarismo de um discurso fóbico silenciador. O autor é o guia de sua obra. Muitas vezes, a escrita leva o autor, mas quem escreve ficção sabe muito bem que tem o poder de guiar o texto, de contornar, de dar marcha à ré, de fazer balões, de apagar e de passar sua mensagem. Se as características estéticas da guachesca isolaram essa arte das demais, suspendendo-a em uma dimensão latinoamericana[16], sua própria força criativa a levou a uma bifurcação que reitera uma suspensão peculiar. Enquanto que a grande maioria de seus autores pareceu reinvidicar a inserção do gaúcho como um sujeito político e literário – termos não-excludentes entre si–, estes mesmos deixaram transparecer a gaúcha/china como sujeito implícito, porém atuante e influenciador de decisões que podem ser tomadas pelos próprios autores implícitos, pelos narradores e pelas personagens masculinas. O próprio sujeito feminino, suspenso, atua, do mesmo modo, em uma esfera individual. A gauchesca não o nega. A falta percebida dá-se em sua atuação direta em esfera coletiva. Entretanto, ele não deixa de estar presente, contradizendo o tipo de recepção que teima em ignorá-lo. Faz-se mister rastrear a relação entre o discurso do poder, o poder do discurso e o mundo imaginário. A homogeneidade cultural[17], reproduzida em vez de ser desfalcada, confere ao universo imaginário um só ator que transformaria a forma de se ver essa comunidade a tal ponto de se tornar tarefa árdua analisar seus outros atores, a mulher gaúcha, por exemplo. Fincou-se o pensamento de sua inexistência (Armando, 1979: 150,151)[18]. A dualidade do gaúcho em gaucho bueno e gaucho malo aponta, dentre outros, para o estudo abrangente de seu tipo, enquanto que para a gaúcha/china, falta a operação descritiva, o desdobramento que lhe assegura o posto de sujeito permanente, possivelmente como em Ema, la cautiva, de Aira. Se o mundo fictício “reflete momentos selecionados e transfigurados da realidade empírica exterior à obra” e “torna-se, portanto, representativo para algo além dele, principalmente além da realidade empírica, mas imanente à obra ”[19] faz-se mister que a crítica literária tome esse mundo em sua complexidade, o que inclui o sujeito feminino. Os padrões falsos e caricatos[20] de um mundo fictício contorceriam o mundo real a tal ponto de suprir a verossimilhança. A recepção da gauchesca usurpou de tal maneira o universo feminino, que o desprezo da realidade – e da crítica literária– à obra como um todo tomou a direção inversa, ou seja, fez-se aceito que do ponto de vista literário passou-se a retocar a realidade, transformando-a com medidas irreais. Isolando o gaúcho e a natureza repetitiva e monótona em uma suposta análise estética de textos literários, caiu-se na rigidez de um exercício militar sem convicção de existir, isolando aspectos incapazes de representar o todo. As guerras atuais – hoje a expansão de um mercado homogêneo – tornaram-se tecnológicas, assépticas, virtualizadas; a mercadoria passou a ser contemplada em segundos e descartada. Se falar com ironia da dor do outro, da dor da gaúcha/china, com fetiche para alimentar um mito que não vive também sem a exploração do outro, ou melhor, da outra, batizando esse deslize de poética, é recepcionar a literatura, então significa trazer a banalidade da violência à arte[21], anexando-a aos valores humanos que essa arte pretende dignificar. O estudo de um possível mercosul cultural, onde os sujeitos regionais prevaleceriam, inclui a diversidade e o fator não-mercadoria, seja ele material ou cultural, desses sujeitos. Excluir essa diversidade, – que deve incluir não somente a gaúcha e o gaúcho, mas todos os sujeitos regionais de, inicialmente, com relação ao Mercosul, Argentina, Brasil, Uruguai und Paraguai com expansão para outros países– , significa excluir um patrimônio cultural rico, significa acatar as regras do mercado em constante troca de matéria para uso efêmero. Significa usar das mesmas atimanhas com o mesmo propósito de deslocamento do outro e de inserção de si, seja regional, moderno, pop, ou assertivas quaisquer. Hora de se perguntar se a estrutura mental de dado grupo social face ao seu conjunto histórico abrangeria análises estruturadas em outros moldes, ou desfacelariam em conjunto. Pois o sucesso de um mercado identitário comum viável na área cultural como alternativa à disseminação imposta de mercadorias sem identidades comuns com o consumidor depende do grau de inclusão que essas identidades aportam. A tese encontra-se em fase de acabamento. Referências ADORNO, T. W. 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Identidades excluidas en la construcción de identidades nacionales argentinas: las mujeres de La Pampa. In.: Mary Nash y Diana Marre (Eds.). El desafio de la diferencia: representações culturales e identidades de género, raza y clase. Bilbao: Universidad del País Vasco, 2003. p.153-176. PORZECANSKI, Teresa. El silencio, la palabra y la construcción de lo femenino. In.: MORAñA, M. & OLIVEIRA-WILLIAMS, M. R. (Ed.). El salto de la Minerva: intelectuales, género y Estado en América Latina.Madrid: Iberoamericana, Frankfurt am Main: Vervuert, 2005. p.47-57. RAMA, Ángel. Diez Problemas para el novelista latinoamericano. Letras Nacionales, Bogotá, Aedita Editora, n.9, p. 57-80 e n. 10, p. 64-87. 1966. RIVAS, Bárbara de Ganson. Seguiendo a sus hijos al combate: La mujer en la Guerra del Paraguay, 1864-1870. Suplemento Antropológico de la Universidad Católica: Revista del Centro de Estudios Antropológicos, Asunción, Paraguay, v.33, n. 1, n. 2, p.193-232, 1998.
[1] Freie Universität Berlin (doutoranda) [2] Termo cunhado pelo crítico literário uruguaio Ángel Rama no texto “Diez problemas para el novelista latinoamericano”, de 1966. [3] Ver CHIAPPINI, Lígia. Regionalismo e Modernismo: o caso gaúcho. São Paulo. Ática. 1978 [4] Conceito aportado sob definições dos Judith Butler, Ángel Rama e Niklas Luhmann (Ver também Aurélio Buarque de Holanda) [5] Ver a reunião de textos de Antônio Cândido, Anatol Rosenfeld et allii em: CÂNDIDO, A., ANATOL, R. (Ed.). A personagem de ficção. 5. ed. São Paulo: Editora Perspectiva na série Debates, 1976. [6] Na obra de Érico Veríssimo as personagens femininas ainda sofrem sob o domínio e violência do poder masculino, sendo sujeitos passivos. Exceção modelo seria a Ana Terra, personagem, que, contudo, precisa encontrar um espaço exterior ao regime patriarcal para sobreviver e se impor. [7] Em Eduarda Mansilla (principalmente) e em José Hernández observa-se tentativas pioneiras da literatura gauchesca de inserir o feminino como agente histórico. [8] Ver Francine Masiello, Teresa Porzecanski, Diana Marre e Silvio Júlio de Albuquerque, dentre outros. [9] Vários historiadores e/ou escritores contribuíram para o tema como: Arthur Ferreira Filho, Aurélio Porto, Emilio A.Coni, Ezequiel Martinez Estrada, Fernando O. Assunçao, Jorge Emilio Gallardo, Guilhermino César, Gustavo Verdesio, Manoelito de Ornellas, Ricardo D. Salvatore, Moyses de Moraes Vellinho, Othelo Rosa, Paulo Prado, Ricardo Rodríguez Molas, Sílvio Júlio de Albuquerque, Souza Docca, dentre outros. [10] Ver MASIELLO, Francine. Entre civilización y barbarie. Mujeres, Nación y Cultura literaria en la Argentina moderna. Rosario, España: Beatriz Viterbo Editora, 1997. [11] Ver Francine Masiello. 1997 [12] Ver Donati, Carlos M. Tur. Vagos, maletretenidos y mujeres malatinadas. Río de la Plata, siglos XVII-XIX. Antropologia: Boletín Oficial del Instituto Nacional de Antropologia e Historia, Ciudad de Mexico. D.F., n. 49, p. 21.26, 1998. [13] Rivas, Bárbara de Ganson. 1998. [14] Ver PÉREZ, Elena Conde. El relativismo cultural como fundamento de la discriminación de la mujer. Madrid: De la Facultad de Derecho de la Universidad Complutense, 1998. p. 49-86. [15] Em Pérez. 1998. p.52 [16] Ver Ángel Rama sobre a suspensão da literatura gauchesca. Em RAMA, Ángel. El sistema literario de la poesia gauchesca. In.: Hidalgo, B. (Ed.). Poesia Guachesca. Caracas: Biblioteca Ayacucho, 1977. p. XXII [17] Ver Adorno e Horkheimer. 2006 [18] De acordo com M. Luiza de Armando[18], mencionando Goldmann, a sociologia da literatura não considera somente a compreensão da literatura através da sociedade, mas a compreensão da sociedade através da literatura. [19] Em Anatol Rosenfeld. 1976. p.15 [20] Em Anatol Rosenfeld. 1976. p.19 [21] Em um paralelo de arte, literatura e ética, cito Adorno, que questiona a educação que não combate a barbárie. |