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Grupos Sociais e Violência Urbana
David Zimerman *

A violência é um fenômeno crescente em nossa sociedade. No entanto, as autoridades responsáveis não têm demonstrado interesse maior em investir em ações preventivas que possam conter a onda de violência urbana que atinge todas as classes sociais.

A violência pode se manifestar de distintas formas, tanto em ações isoladas, quanto em situações grupais; pode ficar restrita a desentendimento de um casal, de pai com filho, de um sujeito contra seus desafetos, de uma violência manifesta por uma ação psicopática de furto, roubo, seqüestro, calúnia, abandonos, professores que humilham alunos.

EM CASA - Estudos estatísticos comprovam que em uma média de 80% da violência contra crianças e adolescentes, as vítimas são agredidas (sexualmente, fisicamente e moralmente) em suas próprias residências. O abuso da violência não é, relativamente, maior nas classes humildes, como geralmente se supõe, visto que os entendidos atestam que um enorme contingente de crianças abusadas, procede de famílias de classe média ou alta.

As violências físicas cometidas, corporalmente, contra as crianças podem ser detectadas com relativa facilidade (presença de hematomas, queimaduras provocadas por cigarros acesos dos pais, às vezes, fraturas, etc.), porém os abusos sexuais (quase sempre, de pais pedófilos, contra as filhas) não deixam pistas visíveis, porém traumatizam o psiquismo da criança ou adolescente, com sérios prejuízos na sua vida adulta.

Recente pesquisa atesta que, no Rio Grande do Sul, a cada dia, no mínimo, quatro crianças sofrem violência sexual, enquanto um número equivalente de outras crianças sofrem de maus tratos, às vezes, violentos. Por outro lado, a sociedade se mobiliza ao criar delegacias e conselhos tutelares.

De acordo com o autor, a maior causa da violência reside principalmente nas enormes frustrações que a criança sofre em seus primeiros estágios de vida (quanto mais precoces, piores ficam as marcas dos traumas no psiquismo, especialmente no que diz respeito à emergência de sentimentos de ódio vingativo). De acordo com Zimerman, a única solução é investir nas crianças, pais e educadores em geral.

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*David Zimerman é Médico Psiquiatra e psicanalista, membro da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre.

Trailer-ilustrativo apresentado: Cidade de Deus; diretor: Fernando Meireles