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Drogadição e Violência
Carlos Salgado *

O uso de álcool e de substâncias psicoativas como a maconha ou a cocaína estão diretamente ligadas à violência. No entanto, o álcool é um grande vilão responsável pelos altos índices de violência. Quase 70% da população brasileira usa álcool com alguma regularidade e mais de 11% se tornam dependentes.

Os dados são do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas - entidade Universitária que atua na Universidade Federal de São Paulo). Os estudiosos da violência afirmam que há uma associação entre homicídios e drogas.

De acordo com várias pesquisas citadas na 1ª. Conferência Internacional de Álcool e Acidentes, realizada no ano de 2002 em Recife, 39% das pessoas envolvidas em ocorrências policiais beberam em excesso; 20% a 25% dos acidentados no trabalho consumiram álcool; 61% dos acidentes de carro foram provocados pela bebida; 75% das vítimas fatais de acidentes de carro tinham bebido; 40% das faltas ao trabalho são provocadas pelo álcool.

Dados do Ministério da Saúde mostram que no Brasil, no triênio 1995-97, o alcoolismo ocupava o quarto lugar no grupo das doenças mais incapacitantes. Em 1996, a cirrose hepática de etiologia alcoólica foi a sétima maior causa de óbito na população acima de 15 anos.

Vale lembrar que são os mais jovens as maiores vítimas desses números catastróficos, os quais mostram que a violência na sociedade brasileira está mais ligada ao consumo de álcool que é liberado do que o consumo de drogas pesadas.

AGRESSÃO - R.Cunningham e colaboradores, que trabalham no Pronto Socorro do Hospital da Universidade de Michigan, na cidade de Ann Arbor, estudaram esse assunto, em relação à violência doméstica.

Entrevistaram 256 pessoas que foram atendidas nesse Pronto Socorro. A primeira pergunta era se era a primeira vez que sofriam um acidente de agressão doméstico, acidente agudo (AA), ou se no ano que passou tinham já sofrido outros acidentes desse tipo, isto é, acidente crônico (AC).

Dos examinados, 14% relataram AA e 53% um AC, sendo que a maioria dos AA, já tinham, em mais que um ano passado tido um AA, portanto eram na realidade um AC. Os autores verificaram que as pessoas que relatam a violência inicial ou já antiga, quando ligada às drogas ilícitas são 3 vezes mais francas do que as pessoas que têm esse comportamento violento ligado ao álcool.

CONTROLE – De acordo com Salgado, medidas de controle social sobre o uso do álcool são bastante efetivas para reduzir os níveis de violência em todos os contextos, desde a família, a escola e as ruas. Acidentes de trânsito e agressões diminuem.

O autor defende medidas de grande impacto como o fechamento de bares abertos em áreas de elevada incidência de homicídios, elevação do preço da bebida e restrição da propaganda de bebidas ou mesmo sua proibição. De acordo com ele, medidas educacionais, apesar de prestigiadas pela sociedade, têm pouco impacto.

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*Carlos Salgado é médico Psiquiatra, mestre em psiquiatria pela UFRGS; coordenador do Departamento de Dependência Química da Sociedade de Psiquiatria do rio Grande do Sul; coordenador do Ambulatório de Dependência Química do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas.

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