Genialidade e Loucura | Imprimir |

Betina Mariante Cardoso


A relação entre genialidade e loucura tem sido objeto de interesse desde o início do pensamento filosófico. Já Aristóteles, em Problemata XXX, aponta que todo homem de exceção, das áreas da Filosofia, Política, Poesia e Arte, será um melancólico, acrescentando que alguns destes em intensidade tal que indique sofrerem de uma manifestação patológica, cuja origem é a bile negra. Assim, extremos de humor, pensamento e comportamento, incluindo a conduta psicótica, têm sido associados à criatividade artística desde que o homem tem observado e escrito sobre aqueles que escrevem, pintam, esculpem ou compõem. A história desta longa e fascinante associação, assim como as especulações sobre suas causas, têm sido discutidas por diversos autores e pesquisadores. 


Na presente discussão, em Arte, Saúde e Doença Mental, aponta-se a manifestação artística no contexto da referida associação, desde O Homem de Gênio, em Aristóteles, Problemata XXX, até o estudo dos aspectos psicopatológicos revisados em Karl Jaspers, Psicopatologia Geral - Allgemeine Psychopatologie. Apresenta-se, ainda, revisão de literatura médica, em Medline, livros e revistas médicas; nestas, destaca-se a leitura de artigo da Revista History of Psychiatry: "O Conceito de Doença Criativa nos trabalhos de N. N. Bazhenov". A presente revisão de literatura tem por objetivo levantar o questionamento sobre a expressão artística como manifestação de doença mental. Salienta-se que a associação entre os estados extremos de humor e pensamentos e a criatividade não somente é fascinante, mas tem significativas implicações teóricas, clínicas, literárias, sociais e éticas.


Betina Mariante Cardoso
é médica, aluna do Curso de Especialização em
Psiquiatria-UFRGS, Hospital de Clínicas de Porto Alegre.