"SEM RUMO" 70 ANOS DEPOIS | Imprimir |

Antônio Hohlfeldt*


Sem rumo, 70 anos depois, infelizmente, continua atual. O problema que preocupava o escritor, na década de 1930, o pequeno produtor rural que fica sem sua terra e a migração do universo rural para a babel urbana permanece. Os governos não conseguem fazer e controlar uma verdadeira reforma agrária, incluindo o apoio à produção e distribuição, e não apenas com doação de terra. os governos não conseguem controlar o comércio de terras doadas, o que provoca o imediato retorno do sujeito que recebneu seu lote para a beira da estrada. E todos nós continuamos sem saber o que fazer, exatamente come ste problema, quando o Brasil alcança patamares indicativos semelhantes aos dos países industrializados: 20% de habitantes na área rural e 80% na área urbana. O texto de Cyro Martin foi um dos primeiros alertas sobre o assunto, dando continuidade a um conto de Alcides Maia. Depois, teríamos o livro de Charles Kiefer. Juntando os três trabalhos, vemos a tragédia brasileira do pequeno trabalhador rural,não interessa se da Campanha, das Missões ou da região serrana. Escrevendo com espectativa de futuro, denunciando por amor e verdadeiramente preocupado com aquilo a que assistia, Cyro Martins fez um livro verdadeiramente clássico, de certo modo ecoando a Geografia da fome de Josué de Castro.

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* Antônio Hohlfeldt é Jornalista, prof. da PUCRS, Escritor e Crítico Literário