Ute Hermanns | Imprimir |

Lateinamerika - Institut der Freien Universität Berlin
- Professora Assistente Doutora, Tradutora, produtora de eventos culturais


A IMAGEM DESCONHECE FRONTEIRAS

- O BERÇO DO CINEMA LATINO-AMERICANO FICA NO PAMPA


Resumo: Quando as adaptações do poema Martín Fierro foram feitas para o cinema, houve uma reconfiguração dupla: Apesar do tratamento aplicado ao poema, utilizando-o para os mais diversos interesses políticos durante algum tempo, os cineastas tratavam de devolver à narrativa de Martín Fierro o caráter original de protesto. Martín Fierro não mais foi visto sómente como representante da identidade argentina mas como representante da identidade latino-americana. Dois filmes tratam deste tema: Martín Fierro (1968) de Leopoldo Torre Nilsson e Hijos de Fierro (1974) de Fernando Solanas. Glauber Rocha notou a estreita temática comum dos dois cineastas: Leopoldo Torre Nilsson segue com a sua versão o modelo do drama psicológico. Glauber Rocha comprende a sua leitura de Martín Fierro como obra precursora retratando as lutas pela liberação latino-americana. Rocha, por sua vez, desenvolveu o conceito da “Estética da Fome” e fornece uma contribuição teórica ao Nuevo Cine argentino cujo representante é Fernando Solanas.


Glauber interpreta a produção do Nuevo Cine latino-americano como representação dessa fome latina e exige respostas revolucionárias, que devem ser oferecidas pelo artista para que a arte seja política. No seu filme Terra em Transe, ele mesmo cita o poema Martín Fierro. Para Glauber, Martin Fierro é o representante do drama do povo, do drama dos pampas, do drama da vida latino-americana. O poema de José Hernandez metonimicamente representa para ele todo universo latino-americano por sua parte gaúcha.