RESUMOS DE COMUNICAÇÔES NO SIMPÓSIO INTERNACIONAL Fronteiras Culturais no Cone Sul | Imprimir |

1 - ANDREA QUADRELLI
UFRGS/PPGASCientista Social – Mestranda em Antropologia

EXPERIÊNCIAS E SABER COTIDIANO NAS CIDADES DE FRONTEIRA DE RIVERA (URUGUAI) E SANTANA DO LIVRAMENTO (BRASIL): POR UMA PRÁTICA ETNOGRÁFICA

En el mundo contemporáneo, las fronteras políticas entre estados nacionales ocupan un lugar destacado en los discursos políticos y académicos referidos a los procesos de integración y desarrollo regional. Sin embargo, gran parte de estos discursos, y muchas de sus propuestas y construcciones teóricas, se elaboran desde centros alejados de la frontera, desconociendo la realidad cotidiana de una frontera política para quienes viven la frontera todos los días. En el presente trabajo, insistimos en la importancia de estudiar la frontera desde la frontera a través del análisis de las prácticas cotidianas de los actores fronterizos, y señalamos al trabajo etnográfico como uno de los abordajes más efectivos y enriquecedores para comprender los usos y significados de la frontera para la gente de la frontera. En las ciudades de Rivera y Santana, donde el límite político entre estados presenta características excepcionales si comparado con otras fronteras internacionales, el análisis de prácticas cotidianas relacionadas con el nacimiento, el matrimonio, el consumo, el contrabando y el uso de las diferentes lenguas habladas en la región, descubren como la población fronteriza adapta su vida con (o pesar de) sus vecinos del otro lado permitiendo comprender todavía más las complejas relaciones entre nación, cultura y estado tal como son vividos por la gente de la frontera.



2.ANTONIO HOHLFELDT
Doutor em Literatura , Prof. na FAMECOS/PUCRS, escritor e jornalista

O GAÚCHO: TIPO SOCIAL DE TRÍPLICE REPRESENTAÇÃO

O texto abrange, a partir de três obras de ficção, a figura do gaúcho pampeano, mostrando como se deu sua evolução histórica e sua transformação enquanto determinado tipo de uma civilização. Partimos, assim, de Martin Fierro, de José Hernandez, para mostrar o que era efetivamente o tipo sul-pampeano, enquanto sujeito socialmente marginalizado e espezinhado pelas autoridades da colônia.Depois, tomamos a trilogia romanesca de Erico Verissimo, O tempo e o vento, para mostrar as transformações sofridas com o tipo, ante a amplitude da presença do colonizador, e sua constante transformação num tipo mítico. Por fim, valemo-nos de Don Segundo Sombra, de Ricardo Güiraldes, para mostrar que a essência do ser gaúcho não está no aspecto externo de vestimentas ou hábitos e costumes, nem mesmo em valores,mas num sentimento interno. Assim, mesmo depois do desaparecimento do tipo original, o ser gaúcho permanece, arraigado entre os seus descendentes, por mais ampla que tenha sido a evolução urbana da região. O texto se completa com uma revisão da bibliografia básica a respeito do tema, mostrando que tanto os estudos uruguaios quanto os brasileiros se completam, na medida em que, embora pequenas diferenças regionais possam ser observadas, a essência do tipo gaúcho é fundamentalmente a mesma, entre uruguaios, argentinos e sul-brasileiros



3. CARLOS ALBERTO FERNANDES CORRÊA (POTOKO)
Poeta e Servidor Público, Mediador do Fronteiras Culturais em Livramento e Rivera

POR UMA POLÍTICA MUNICIPAL PARA A LEITURA

O trabalho de leitura bilingüe da obra Campo Fora, de Cyro Martins, com meninos de rua, alunos de uma escola municipal e outra estadual de Sant’Ana do Livramento, serviram de laboratório para se buscar ações efetivas entre sociedade e o poder público no sentido de se conscientizar e resgatar o saudável hábito de ler e contar histórias em recintos escolares e ou na rua. Pois é com esse mote que podemos transformar em perspectivas reais o sonho te termos uma sociedade mais informada e humana, ou seja, é através dos contos escritos e ouvidos, por ou não autores reconhecidos da literatura, que resgataremos a importância de sabermos contar a nossa própria história para entendermos a dos outros. E, em sendo assim, todos certamente nos reconheceremos melhor em uma leitura interativa em comunidade para nos amarmos mais enquanto pessoas de linguagem afetiva.


 

4. DENISE VALLERIUS DE OLIVEIRA
Pós-graduanda em Letras-Literatura - PPG Let/UFRGS

REGIONALISMO BORGIANO: TRADUZINDO FRONTEIRAS

O redimensionamento do conceito de fronteira possibilita-nos lançar outro olhar para a produção regionalista do escritor Jorge Luis Borges – produção esta, freqüentemente menosprezada, supostamente incondizente com o caráter universal de suas demais obras. No entanto, as fronteiras estabelecidas dentro dos limites do próprio país revelam a necessidade da busca por identidades que teimam em não se deixarem definir, acarretando a necessidade de diferentes representações: primeiramente a fronteira entre o pampa e a cidade dá o tom das obras de Sarmiento e Hernandez - aquele aspirando a uma identidade argentina civilizada e urbana, contrária a barbárie do campo; este cantando o pampa e o gaucho como uma existência livre, oposta ao mundo urbanizado. Tendo-se, então, cantado a cidade e o campo, Borges propõe que se cante o “arrabal”, região que traduz como uma fronteira forjada por “lutas e gritarras” entre Buenos Aires e o pampa. Estabelecida essa nova fronteira, tenta escrever sobre esse ser ambíguo que aí vive: o compadrito – misto de homem urbano e gaúcho. Ser cujo pertencimento não pode ser delimitado, não pretende ser o retrato de uma argentinidade, uma vez que sua identidade encontra-se em constante migração entre o eu e o outro, possibilitando, assim, que se escute a voz das diferenças.


 

5 . Élida Lois
Dra. en Filosofía y Letras por la Universidad de Buenos Aires (UBA). Miembro de la Carrera de Investigador Científico / Profesora Titular Regular.Directora de estudios (CONICET) / Directora de Centro (EHU, UNSAM) / Profesora de la Maestría de Análisis del Discurso (UBA).

JUANA MANSO EN RÍO DE JANEIRO: CRUZANDO FRONTERAS DE ESPACIO Y GÉNERO EN EL SIGLO XIX

Como casi todos los exiliados del rosismo, la argentina Juana Manso fue un puente entre culturas. Radicada en Río de Janeiro, fundó allí O Jornal das Senhoras (el primer periódico creado por una mujer y escrito por mujeres aparecido en Brasil), que se publicó entre los años 1852 y 1853.

En el ambiente de efervescencia cultural que la rodeaba en la corte imperial portuguesa, sus preocupaciones comenzaron a centrarse en los presupuestos para la construcción de una literatura latinoamericana y en un progresismo ideológico que incluye, entre otros temas, el análisis del rol social de la mujer (Vindication of Rights of Woman había sido traducida al portugués veinte años antes –en 1832– por Dionísia Gonçalves Freire Pinto, y resulta evidente que, aunque Manso y sus colaboradoras brasileras no citan a Mary Wollstonecraft y morigeran sus propuestas, la habían leído y la admiraban).

En una época en que las universidades estaban reservadas a los hombres, las mujeres inclinadas hacia la actividad intelectual tenían serias dificultades para acceder a una educación “clásica” y formal; así, veían su radio de acción circunscripto a dos ámbitos: el de los niveles iniciales de la educación y el mundo de los sentimientos que podían expresarse a través de la literatura (lo que no hacía sino confirmar su reclusión dentro de la esfera de lo privado). Entre tanto, muy paulatinamente, la prensa les abría un espacio dentro del llamado (no sin cierto dejo peyorativo) “periodismo femenino”.

De regreso en el Plata, Manso fundó el Álbum de Señoritas (que apareció en Buenos Aires durante sólo dos meses: enero y febrero de 1854), donde procuro traducir la experiencia del Jornal. Las tensiones que atraviesan esos espacios de escritura son el objeto de análisis de esta exposición.



6. EONÁ MORO
Doutoranda em Teoria Literária e Literatura Comparada- FFLCH/USP. Participante do Projeto PROBRAL

FRONTEIRAS CULTURAIS E CULTURAS FRONTEIRIÇAS: OBRAS EXEMPLARES DE SÉRGIO FARACO, TABAJARA RUAS (BRASIL), MÁRIO ARREGUI (URUGUAI) E JUAN JOSÉ SAER (ARGENTINA).

Essa pesquisa visa a atualizar o tema da cultura e literatura gaúchas em tempo de globalização. Uma das principais hipóteses é testar a exemplariedade de "Martín Fierro" de José Hernández, como símbolo do homem do campo marginalizado pela modernização. Assim, o estudo comparativo das obras de Sérgio Faraco, Tabajara Ruas (Brasil), Mário Arregui (Uruguai) e Juan José Saer (Argentina) pretende identificar vestígios de um mundo gauchesco que Hernández expressou no século XIX e que, no século XX, apesar das mudanças contextuais e formais, permanece a preocupação em desvendar os eternos embates do "gaúcho", não importa se "o de ontem" ou "o de hoje", na região de Fronteira.

Saer, Faraco, Ruas e Arregui tecem situações que evidenciam a exclusão do homem da comarca pampeana, num mundo marcado, desde os primórdios, pela exploração dos menos favorecidos. O recuo ao passado e, direta ou indiretamente, ao arquétipo de Martín Fierro, parece servir de compreensão desse homem em tempo e espaços específicos.

O estudo dos textos desses autores e do contexto em que escrevem suas obras tem a finalidade, portanto, não só de atualizar a "gauchesca", especialmente como exemplar de uma cultura de fronteira, mas também de verificar seus aspectos culturais compartilhados pelos três países e suas peculiaridades, no passado e no presente.


 

7. HELGA DRESSEL
Cultural manager e docente de literatura e cultura.
Doutoranda em Literaturas e Culturas Latino-americanas no Instituto Latinoamericano da Univ. Livre de Berlim; Mestra em “Estudos teatrais” (Theaterwissenschaft)

SERRA VERSUS PAMPA. O RIO GRANDE NA OBRA DE VIANNA MOOG

Na sua conferência de 1942, “Uma interpretação da Literatura Brasileira”, Vianna Moog constata que a ideia do “continente Brasil” não corresponde à heterogeneidade da literatura brasileira e, transferindo um conceito da sociologia ao campo da historiografia da literatura, introduz a idéia do Brasil como arquipélago de ilhas culturais. Na aplicação prática propõe uma divisão do Brasil em sete regiões, sendo o Rio Grande do Sul uma delas.

Como se dá a heterogeneidade dentro da ilha cultural riograndense?

Tanto no citado ensaio como nos romances, a presença do Rio Grande na obra de Vianna Moog se dá através da duplicidade de pampa e serra.

Observa-se, porém, uma transferência da polêmica do “O Rio Grande é nosso” originalmente ligada ao pampa supostamente hispânico para a serra supostamente tomada pelas levas imigratórias mais recentes, do século 19 e começo do século 20.


 

8. INÊS ALCARAZ MAROCCO
Profa. Doutora do Depto de Arte Dramática da UFRGS

O GESTUAL DO GAÚCHO E A PERFORMANCE DOS ATORES/DANÇARINOS

Sob a perspectiva da Etnocenologia[1][2] e fundamentada pelos princípios do Sistema pedagógico de Jacques Lecoq[2][3] e da Antropologia Teatral[3][4], a pesquisa intitulada As técnicas corporais do gaúcho e a sua relação com a performance do ator/dançarino se desenvolve desde abril de 2001 com alunos do Curso de Artes Cênicas[4][5].Esta pesquisa se constitui de três etapas: na primeira (2001) um grupo de alunos selecionados criou um Sistema de Treinamento para o ator/dançarino à partir das atividades da lide campeira do gaúcho do Rio Grande do Sul, o qual pode ser verificado na sua eficácia através de uma criação artística que resultou no espetáculo O Nariz (segunda etapa , em 2003) . A terceira etapa (2003/04) cujo objetivo é o de verificar a eficácia do sistema criado, em corpos não treinados iniciou com a seleção de um novo grupo de alunos. A transmissão do sistema de treinamento se desenvolveu através de uma primeira fase de instrumentalização realizada pelos componentes do grupo anterior que se constituiu por exercícios de Acrobacia ,por exercícios Educativos, que se caracterizam pelos princípios que regem os movimentos das partituras e que servem para facilitar o aprendizado do Sistema , e pelas nove partituras que compõem o Sistema de treinamento. Neste Encontro, o grupo de alunos apresentará através de uma demonstração técnica os resultados desta primeira fase. A próxima fase se constituirá na Criação e Realização de Dramaturgias onde cada um dos componentes do grupo terá oportunidade de desenvolver a partir do material das partituras aprendidas, a sua própria criação artística.



9. JOANA BOSAK DE FIGUEIREDO
Pós –graduanda em Literatura no PPG Let/UFRGS)

“Yo no sé donde soy mi casa está en la frontera. Y las fronteras se mueven como las banderas”. Com tal dúvida, o músico uruguaio transfronteiras Jorge Drexler se coloca como um dos tantos fronteiriços em busca de identidade. Se essa pode se manifestar através da música, atravessada por diversas influências platinas antigas e contemporâneas, também as releituras das identidades fronteiriças na literatura e em seu arsenal teórico passam por um rearranjo que mostra uma faceta mais contemporânea e apropriada aos tempos multiculturais. Longe de ser um símbolo do conservadorismo, o gaúcho pode e deve ser revisitado como um conceito e um objeto estético que se ressemantizou adaptando-se a novas demandas políticas, sociais e culturais. Em nosso projeto, a tradução, os guachos e as sombras são aspectos que contemplam a questão identitária e ajudam a analisar a formação da identidade regional em nossa grande fronteira cultural que é o Prata.


 

10. KARLA M. MULLER
Profa. Adjunto do DECOM/ FABICO/ UFRGS, Doutora em Ciências da Comunicação pelo PPGCCom/ UNISINOS, Mestre em Comunicação pela PUC/RS, Pesquisadora do PPGCom/ UFRGS, membro da diretoria do Instituto de Comunicação, Cultura, Educação e Formação Política Alberto André.

MÍDIA E CULTURA FRONTEIRIÇA NOS ESPAÇOS DE LIVRAMENTO-RIVERA E URUGUAIANA-LIBRES

Através das práticas sociais é possível definir um grupo, identificando elementos constitutivos de sua cultura e parâmetros que indiquem sua identidade, diferenciando-o dos demais. O caso trazido para análise diz respeito a espaços fronteiriços urbanos - pontos de contato entre o Brasil e o Uruguai e o Brasil e a Argentina - nos quais são produzidos jornais impressos locais. O objetivo da proposta é mostrar como a cultura e a identidade fronteiriças são apresentadas por periódicos locais, responsáveis pela divulgação dos acontecimentos e pela participação que estas mídias passam a ter na construção da realidade a partir e através de modos e estratégias de operação que adota na produção das notícias.


 

11. LUCIANA HARTMANN
Doutora em Antropologia Social/Professora
Professora substituta no Depto.de Antropologia Cultural/UFRJ

FRONTEIRA DE GESTOS E PALAVRAS - tradições orais entre Argentina, Brasil e Uruguai

Este trabalho aborda o contexto de transmissão das tradições orais da fronteira entre Argentina, Brasil e Uruguai. A hipótese de que a circulação de narrativas cria, nas zonas vizinhas destes três países, uma cultura comum – de fronteira – é desenvolvida sob diferentes enfoques ao longo dos capítulos.

Inicialmente, o referencial etnográfico derivou na realização de um mapeamento das características da oralidade na região: quem são os contadores, quais são os temas recorrentes de seus causos, como executam suas performances, quais são os locais onde ocorrem as “rodas de causo”, os horários preferidos para a sua narração e como se caracteriza a participação dos ouvintes. A análise deste material é realizada com base em duas perspectivas, das narrativas como expressão da experiência (com foco sobre os eventos narrados) e das narrativas como performance (com foco sobre os eventos narrativos), a partir das quais são discutidas especificidades do ethos local (gaúcho ou gaucho), tais como o apelo à ruralidade (nas referências à “campanha” e à relação com o cavalo), a mobilidade dos indivíduos através da fronteira, a vivência cotidiana de conflitos e a ostentação de marcas corporais. Desta forma, a constituição das relações “intrafronteiriças” e da individualidade dos contadores de causos/cuentos é analisada à luz da antropologia da experiência. Já as performances de narrativas pessoais (“performance como desempenho”), de narrativas públicas e de festas tradicionais da fronteira (“performance como espetáculo”) são consideradas sob os referenciais fornecidos pela etnografia da fala e pela antropologia da performance.



12 - MANUEL ERNESTO BERNALES ALVARADO
Politólogo, Especialista de Programa de Ciências Humanas e Sociais da UNESCO para a América Latina

DE UNA VIVENCIA A UNA CONCEPCIÓN INTEGRADORA DE LAS FRONTERAS

En una perspectiva politológica holística, de complejidad, o sistémica en un sentido genérico, el ensayo presenta un conjunto de proposiciones sobre la democracia, susceptible de valer para diversas democracias como variaciones del “modelo” abstracto y general perfilado por el conjunto de las proposiciones, basándose en la teoría política normativa y en la teoría política empírica y evidenciando la vinculación con un ideal humano a escalas nacional e internacional que propone la construcción de repúblicas democráticas con integración, para poder ser, tener y valer más en una mundialización desigual e inequitativa o de globalización fracturada.

En víspera del centésimo octagésimo aniversario de la victoria en la Batalla de Ayacucho de los Patriotas latinoamericanos o hispanoamericanos y sus aliados o asociados de otras latitudes, conviene recordar una reflexión de Simón Bolívar: Buen gobierno(*) es aquel que logra la mayor seguridad social posible, la mayor libertad posible y el mayor bienestar posible. Ahora bien, ¿en el mundo de hoy es aceptable concebir el buen gobierno fuera de la democracia?.


 

13 - MARIA HELENA MARTINS
Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada (FFLCH/USP)

Dir-Presidente do Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins; Coordenadora do Projeto Fronteiras Culturais (Brasil – Uruguai – Argentina)

FRONTEIRAS CULTURAIS EM LIVRAMENTO (BR) E RIVERA (UY)

Pesquisa e atuação cultural, em andamento desde 2001, como parte do projeto FRONTEIRAS CULTURAIS (Br - Uy- Ar), o qual visa atingir várias cidades fronteiriças do estado brasileiro do Rio Grande do Sul com cidades uruguaias e argentinas. Tal experiência ocorre em Livramento (BR) e Rivera (UY), desencadeando um processo que evidencia potencialidades comunitárias para apropriação efetiva do patrimônio cultural da região e seu desenvolvimento.

O pouco desenvolvimento geral de cidades da fronteira pampiana possivelmente ocorra devido a se situarem na periferia dos respectivos países. Apesar disso, ou até em decorrência, os laços entre brasileiros, uruguaios e argentinos fronteiriços vêm de longe e, mesmo com inevitáveis percalços, subsistem, amadurecem, estabelecem-se intercâmbios que vão do comércio às relações familiares, da culinária à linguagem. Tal integração deriva da necessidade de sobrevivência, há mais de dois séculos. Configura-se como espécie de Mercosul avant la lettre, vivencial. E parece perdurar mais devido ao convívio natural do que pela consciência de ser essa uma condição propícia para revigorar a região. Se esse processo se desenvolve melhor que o do Mercosul dos gabinetes e suas demandas econômicas e políticas, urge investigá-lo, valorizá-lo e incrementá-lo. Ademais, ironicamente, talvez a própria inexorabilidade da globalização venha a intensificar esses laços fronteiriços: num esforço para superar a pressão homogeneizante, fortalecem-se identidades nacionais e regionais, no convívio de diferenças. Surgem assim condições de expansão que delimitações geopolíticas e tratados não permitem. E, sabe-se, manifestações culturais são propulsoras por excelência dessa transformação.


 

14. OLINDA ALLESSANDRINI
Pianista – Graduação em Piano pela Escola de Belas Artes da Universidade de Caxias do Sul. Pós-graduação: Virtuosidade em Piano pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

RECITAL DE PIANO COM COMENTÁRIOS; O CD PAMPIANO

Sonoridades distintas que passeiam pela melancólica monotonia dos horizontes amplos da paisagem nativa e pelas vibrantes vozes da terra através das canções e danças folclóricas compõem o CD pamPiano, de Olinda Allessandrini. A elaboração do CD começou há dois anos, quando a pianista participou do Seminário Internacional sobre Fronteiras Culturais, em Berlim, que privilegiou a fronteira Brasil-Uruguai-Argentina. A pesquisa sobre o aproveitamento dos traços musicais do folclore regional por compositores eruditos dos três países resultou neste trabalho. Fonte de inspiração para escritores, em prosa e verso, para artistas plásticos, cineastas e músicos populares, a cultura pampeana está na essência do CD, inédito na área da música clássica brasileira.

As obras garimpadas por Olinda Allessandrini foram selecionadas no repertório de música erudita para piano que representam estilizações do folclore musical pampeano. Não são apenas harmonizações de melodias do folclore regional, mas sim elaborações criativas e originais, nos diferentes estilos de cada compositor. O CD traz El Pampeano, de Ariel Ramirez; El Bailecito, de Carlos Guastavino; Páginas do Sul, Rolinha, A Carreta e Feitiço, de Natho Henn; La Pecadora, de Dalmiro Costa; Gato, de Julian Aguirre; Amanduá, de Dimitri Cervo; Campera, de Carlos López Buchardo; Tres Danzas Argentinas: Danza Del Viejo Boyero, Danza de la Moza Donosa e Danza Del Gaucho Matrero; Triste Nº 2, de Eduardo Fabini; Prenda Minha, de Radamés Gnatalli; Dança Charrua Nº 2, de Breno Blauth e Noite Estrelada, (inspirada na canção folclórica O Boi Barroso), de Susana Almada.

Mais informações no site da pianista: www.geocities.com/olindapiano



15 - PABLO ROCCA
Profesor Agregado del Departamento de Literaturas Uruguaya y Latinoamericana/ Director del Programa de Documentación en Literaturas Uruguaya y Latinoamericana Universidad de la República (Montevideo, Uruguay), Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación

DOS LADOS DE LA FRONTERA: JAVIER DE VIANA Y J. SIMÕES LOPES NETO

A un lado y otro de la frontera uruguayo-brasileña, en el filo de los siglos XIX y XX, tanto Javier de Viana como João Simões Lopes Neto, quienes siempre rondaron ese territorio de pasaje, construyen una obra narrativa, principalmente en el género cuento. La edificación de una lengua literaria “criolla” y americana, en el cauce de una tradición y de un debate que prosperó desde comienzos del siglo XIX, inevitablemente los llevó a trabajar con la representación de la voz del otro. De ahí su mutuo involucramiento en una versión diversa a la vez que continua de lo “gauchesco” y de sus mitos, sus preocupaciones más o menos intensas por el espesor de la oralidad. La simultánea y común voluntad de Viana y de Lopes Neto hacia una estética y una épica en cuyo horizonte estuviese lo nacional a un tiempo que regional, parece encontrar –leído desde los discursos de frontera contemporáneos– la posibilidad de una síntesis que trasciende estas determinaciones, que tienden a la construcción de un espacio lingüístico y cultural intersticial. Una propuesta que, más allá de los acuerdos y las distancias entre una y otra, enriquece los actuales debates sobre hibridez, hibridación y lenguas de contacto.


 

16. ROSANA PINHEIRO MACHADO
Mestranda em Antropologia – Aluna de pós-graduação - Cientista Social UFRGS/PPGAS –

GLOBALIZAÇÃO ÀS AVESSAS: O COMÉRCIO INFORMAL NA FRONTEIRA ENTRE BRASIL E PARAGUAI.

A “Ponte da Amizade” divide Foz do Iguaçu (Brasil) e Cuidad del Este (Paraguai). Analisando o intenso e efervescente movimento de pessoas que circulam quotidianamente por esse logradouro, podemos obter uma noção da amplitude das trocas comerciais e culturais estabelecida entre os dois países.A cidade fronteiriça paraguaia, atualmente, constitui-se como o segundo maior pólo de bugiganga do mundo (o primeiro é Miami), movimentando cerca de 20 milhões de dólares por dia. A “pirataria”(imitação/falsificação), advinda da China, é um dos produtos mais procurados pelos milhares de comerciantes – oriundos de diversos países da América Latina - que a cidade recebe. Nas Ciências Humanas, tem-se entendido “globalização” como a circulação de mercadorias, pessoas e informações em níveis velozes e transnacionais. Minha fala está alicerçada numa reflexão crítica destes três eixos estruturantes do conceito, demostrando que o comércio informal, ao mesmo tempo que reproduz, manipula certas normas hegemônicas globais. A partir do trabalho de campo em que tenho acompanhado o cotidiano de camelôs e/ou sacoleiros do Brasil (e junto com eles viajo ao Paraguai em busca de muamba) procuro mostrar que, no que tange à circulação de mercadorias - por serem contrabandeadas/pirateadas e, portanto, por possuírem uma lógica “independente” de mercado - sua comercialização escapa do controle do Estado e das multinacionais, subvertendo a economia capitalista vigente. Em relação ao movimento de pessoas, não significa que as mesmas sejam cosmopolitas somente pelo fato de se trasladarem de um país para outro seguidamente e estarem em contato com marcas e símbolos mundiais. Já a comunicação entre os dois países não produz necessariamente entendimento, muito menos harmonia. Afinal, os conflitos e a intolerância têm marcado as trocas culturais e comerciais entre Brasil e Paraguai. Enfim, os três eixos discutidos se interpenetram e serão apresentados através de relatos vividos em meu processo de pesquisa na fronteira.



17. SUSANA BLEIL DE SOUZA
Professora Doutora do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS.

FRONTEIRAS, APROXIMAÇÕES: O “GRUPO MONTEVIDÉU”

A globalização, a evolução das correntes de comércio internacional e a tendência dos fluxos de troca se definirem a partir de blocos, bem como as intenções e os caminhos da integração regional, têm suscitado o estudo dos processos de construção do Estado nacional e a formação das identidades culturais e políticas na América Latina, onde as fronteiras aparecem como recortes da realidade que demarcam territórios e estabelecem limites. A concretização de um bloco econômico no Cone Sul, mostra a necessidade e a motivação cada vez mais ampla de estudos especializados sobre as fronteiras entendidas como um espaço para o qual se busca uma identidade e um significado social, econômico, político e cultural. Nossa comunicação pretende mostrar como, por meio institucional e através dos estudos interdisciplinares, podemos aprofundar nossos estudos sobre as relações sociais e culturais transfronteiriças, tanto no seu processo histórico de construção, quanto no momento presente, considerando a sua complexa estrutura social e o seu papel estratégico nos processos de integração. O contexto institucional em que se pretende desenvolver esses trabalhos será a Associação de Universidades Grupo Montevidéu, onde coordenamos o Comitê Acadêmico, “Historia y Fronteras”.


 

18. SILVANA MARIN GARAT
Economista, Máster em Desarrollo Sustentable. Comisión Nacional para la UNESCO del Uruguay. ONG binacional Raikatú Secretaria General de la Comision Nacional para la UNESCO DE Uruguay y Presidente de la ONG Binacional de desarrollo y médio ambiente Raikatu

LAS FRONTERAS FRENTE A LOS PROCESOS DE GLOBALIZACIÓN, EN PARTICULAR LA FRONTERA RIVERA-LIVRAMENTO.

Los procesos de cambio globales a los que el mundo se esta enfrentando que escapan a la comparación frente a cualquier otro proceso similar acontecido en la historia de la humanidad han producido una transformación social de tal envergadura que los estados han debido adaptarse y definir estratégias de acción y de desarrollo capaces de participar en este nuevo escenario y a la vez proteger sus identidades culturales. En este proceso de transformación las regiones de frontera ocupan un lugar muy especial. Las fronteras como espacios de intercambios y de enorme permeabilidad han permitido una integración y una reafirmacion de identidades que se observa a lo largo del proceso histórico que las conformó.

LAS características históricas, sociales, económicas y culturales de las regiones de frontera se mantienen hasta la época actual y deben ser consideradas y analizadas especialmente en el proceso de adopción de modelos de desarrollo económico y de integración con otros países de la región.

Los procesos de cambio globales a los que el mundo se esta enfrentando que escapan a la comparación frente a cualquier otro proceso similar acontecido en la historia de la humanidad han producido una transformación social de tal envergadura que los estados han debido adaptarse y definir estratégias de acción y de desarrollo capaces de participar en este nuevo escenario y a la vez proteger sus identidades culturales. En este proceso de transformación las regiones de frontera ocupan un lugar muy especial. Las fronteras como espacios de intercambios y de enorme permeabilidad han permitido una integración y una reafirmacion de identidades que se observa a lo largo del proceso histórico que las conformó. Las características históricas, sociales, económicas y culturales de las regiones de frontera se mantienen hasta la época actual y deben ser consideradas y analizadas especialmente en el proceso de adopción de modelos de desarrollo económico y de integración con otros países de la región.



19. UTE HERMANNS
Professora Assistente Doutora no Lateinamerika-Institut der Freien Universität Berlin

A IMAGEM DESCONHECE FRONTEIRAS - O BERÇO DO CINEMA LATINO-AMERICANO FICA NO PAMPA

Quando as adaptações do poema Martín Fierro foram feitas para o cinema, houve uma reconfiguração dupla: Apesar do tratamento aplicado ao poema, utilizando-o para os mais diversos interesses políticos durante algum tempo, os cineastas tratavam de devolver à narrativa de Martín Fierro o caráter original de protesto. Martín Fierro não mais foi visto sómente como representante da identidade argentina mas como representante da identidade latino-americana. Dois filmes tratam deste tema: Martín Fierro (1968) de Leopoldo Torre Nilsson e Hijos de Fierro (1974) de Fernando Solanas. Glauber Rocha notou a estreita temática comum dos dois cineastas: Leopoldo Torre Nilsson segue com a sua versão o modelo do drama psicológico. Glauber Rocha comprende a sua leitura de Martín Fierro como obra precursora retratando as lutas pela liberação latino-americana. Rocha, por sua vez, desenvolveu o conceito da “Estética da Fome” e fornece uma contribuição teórica ao Nuevo Cine argentino cujo representante é Fernando Solanas.

Glauber interpreta a produção do Nuevo Cine latino-americano como representação dessa fome latina e exige respostas revolucionárias, que devem ser oferecidas pelo artista para que a arte seja política. No seu filme Terra em Transe, ele mesmo cita o poema Martín Fierro. Para Glauber, Martin Fierro é o representante do drama do povo, do drama dos pampas, do drama da vida latino-americana. O poema de José Hernandez metonimicamente representa para ele todo universo latino-americano por sua parte gaúcha.



[1][2] Esta disciplina foi fundada oficialmente em Paris, na sede da UNESCO, no Colóquio de Formação do Centro Internacional de Etnocenologia, nos dias 3 e 4 de maio de 1995, na Maison des Cultures du Monde.Esta disciplina visa (...) o estudo nas diferentes culturas das práticas e dos comportamentos humanos espetaculares organizados. PRADIER, Jean-Marie. Ethnoscénologie: la profondeur des émergences.In Internationale de L’Imaginaire, nouvelle série, n° 5, Paris, Babel/Maison des Cultures du Monde, 1996, p.16.