América Latina, integração e interlocução - JALLA 2010 Imprimir

Niterói (RJ) - UFF - 2 a 6 agosto/2010

Simpósio
ENCONTROS E DESENCONTROS NA AMÉRICA LATINA DO SÉC.XX




Coordenadoras:
Ligia Chiappini (Freie Universitaet Berlin)

                           Valéria de Marco (Universidade de São Paulo)

PROPOSTA

Poucas metáforas caracterizaram tão bem o século XX quanto a do trânsito. No mundo do pensamento, o trânsito tensionou os limites das ciências humanas, instigando a circulação disciplinar e evitando o ensimesmamento dos campos restritos de pesquisa e de grande parte da produção intelectual. A produção artística, em todos os setores, assumiu o deslocamento como tema, gerando filmes e peças teatrais, telas e gravuras, textos e objetos voltados ao reconhecimento da centralidade da variação.

Preocupados em refletir sobre a peculiar resposta latino-americana a esse fenômeno, propomos o presente simpósio, organizado a partir dos eixos abaixo, que contribuirão para articular pesquisas e pesquisadores e estruturar o debate. O simpósio pretende, ainda, aprofundar os estudos de literatura e cultura em encontros que promovem os estudos de cultura brasileira no contexto da América Latina.

 

  •  Deslocamentos políticos e deslocamentos discursivos: exílios, migrações e produção cultural.
  • Fronteiras geopolíticas e comarcas culturais
  • Variações textuais: a superação dos gêneros literários. A concepção e o  lugar do Ensaio.
  • Produção textual e outras linguagens (cinema, artes plásticas, fotografia, teatro).
  • Importação e adaptação de modelos epistemológicos nas ciências humanas: afinidades, influências, confluências, traduções, resistências, apropriações.
  • Os caminhos dos saberes: a incorporação do popular na construção de novas perspectivas políticas.


RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES


Ligia Chiappini (Freie Universitaet Berlin)

BRASIL(IS) AMÉRICA(S) DO SUL: FRONTERAS Y COMARCAS DEL FRÍO Y DEL HÚMEDO

 

No bojo de uma pesquisa em andamento sobre fronteiras culturais e culturas fronteiriças na América do Sul, o texto se propõe a comentar algumas obras exemplares, enformadas pelo que o compositor gaúcho, Vitor Ramil, chamou de uma „estética do frio”,  da comarca pampeana (nos termos de Ángel Rama), contrastando-as com outras provenientes da comarca amazônica e enformadas por uma estética que se poderia chamar de quente-úmida.

O comentário dessas obras será precedido de uma curta discussão teórica sobre fronteiras, levando em conta o predomínio nessa discussão da referência às fronteiras do México com os Estados Unidos e chamando atenção para as especificidades a considerar quando se trata de fronteiras outras, como, nos exemplos analisados, as do norte e do sul da América do Sul.

 

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Simone de Souza Lima

 

AMAZÔNIA BABEL – LITERATURA, CORPOS & MEIO AMBIENTE

 

Passados alguns meses da comemoração do centenário da morte de Euclides da Cunha, pretendemos trazer ao debate sobre sua visão acerca da Amazônia, além deste autor, o espanhol Gaspar de Carvajal. Dois autores que com seus discursos trouxeram à tona as dinâmicas de organização social dos corpos numa Amazônia extraordinariamente babélica – colocando em cena interessante discussão sobre a literatura, os corpos e o meio ambiente. Os textos produzidos pelos dois autores fixam temporalidades traumáticas: o século 16 e início do século 20 – duas temporalidades emblemáticas da desarmonia ecológica que envolveu os povos indígenas das fronteiras amazônicas (no campo das representações literárias). Gaspar de Carvajal, através de seu Relato de Viagem revela as experiências traumáticas de um (des)encontro fatídico, cujos pontos de clivagens foram os corpos/memórias dos nativos amazônicos. Euclides da Cunha, no início do século 20 – atuando oficialmente como o representante brasileiro da Comissão de Reconhecimento do Alto Juruá chega à conclusão que a Amazônia era uma “terra sem história” – desconsiderando a humanidade ancestral que nela existia – os povos indígenas, que conviviam e retiravam do ecossistema amazônico seu sustento, mantendo significativo intercâmbio comercial e outras relações com outros povos regularmente do entorno amazônico. Nesse sentido, as palavras de Euclides da Cunha revelavam-se francamente preconceituosas e intolerantes para com os diversos grupos étnicos que habitavam a região, já vitimados de forma impiedosa em seus corpos e suas memórias ancestrais por diversas expedições “científicas” que haviam revelado a região para o mundo. Passados mais de 400 anos da descrição dos corpos nativos por Gaspar de Carvajal, afinal, em que diferia discurso de Euclides da Cunha daqueles proferidos pelos primeiros europeus que nomearam discursivamente a terra, o homem, a fauna e a flora amazônica? È o que nos propomos discutir através nesse breve texto.

Palavras-chave: Amazônia, Literatura, Corpos, Trauma, Meio Ambiente.

 

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Daniella de Castro Callado

 

O CASO DA GAÚCHA: CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES EM TERRITÓRIOS FRONTEIRIÇOS

As análises deste artigo objetivam favorecer a reflexão no contexto da transcendência dos estados nacionais, por nós atualmente vivenciada como um fenômeno antigo, chamado hoje de globalização. Tomando como ponto de partida a literatura gauchesca e, em seus registros, a identidade feminina da gaúcha/china, bem como o mito do gaúcho, pretendo descrever e comparar a singularidade desses dois sujeitos—a gaúcha e o gaúcho--, avaliando-os em dois pólos aparentemente contraditórios, que podem ser traduzidos com referência ao movimento de mercado deslocador de culturas regionais. Para isso utilizo análises de Ángel Rama com seu conceito de comarcas e de Francine Masiello com os conceitos de sujeito feminino, nação e cultura literária. Os textos de uma literatura de fronteiras e de transferências serão aplicados com base em um contexto histórico, predominando a análise socio-econômica e política em alguns autores argentinos, brasileiros e uruguaios, tais como Leopoldo Lugones, Ricardo Güiraldes, Jorge Luis Borges, Alcides Maya, Simões Lopes Neto, Javier de Viana, Acevedo Díaz, Érico Veríssimo e César Aira.

 

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Ute Hermanns - Freie Universitaet Berlin

 

TRANSNACIONALIDADE NO CINEMA LATINO-AMERICANO DE HOJE: OS "ROAD-MOVIES" DA AMÉRICA LATINA ( MÉXICO, BRASIL, ARGENTINA E CHILE)

Os filmes de ficção e os filmes documentários hoje em dia abordam frequentemente o tema da viagem. Inspiram-se no „road-movie“ da cinematografia norte-americana. Este gênero usa a viagem como forma do indivíduo obter uma visão própria, uma identidade definida. Portanto, os chamados “road-movies” dos países  da América Latina têm outras conotações.

A viagem mostra o trânsito de uma vida para outra, a busca de um mundo melhor, uma compreensão melhor do país, dos países, do mundo e da própria história. Em geral, o deslocamento causa uma transformação do individuo, deixa surgir uma concepção de uma outra vida ou leva a um fracasso total. Em filmes oriundos de diversos países da América Latina da década de 1990 até hoje, tais como Terra Estrangeira, de Walter Salles; Cinema, Aspirina e Urubus, de Marcelo Gomes, Família rodante, de Pablo Trapero, Los  rúbios de Albertina Carri, Memoria del Saqueo e La dignidad de los nadies, de Fernando Solanas, Babel, de Alejandro González, podemos observar esses fenômenos. Em todos os filmes a política joga um papel importante. Os diretores tematizam  a política, inscrevem-se na situação global, integram temas internacionais, transnacionais e globais. Tomam uma atitude política.

Como é que os diretores concebem os filmes? Quais são os momentos politicos que discutem? Que importância têm as ditaduras militares do passado para o cinema de hoje? Como os diretores procedem e que técnicas usam? Como é que podemos distinguir o olhar latino-americano e o olhar transnacional? Quem são os precursores? Será que perseguem alguns modelos cinematográficos?

Essa palestra dá continuidade à intitulada “Mudanças do ponto de vista - os road-movies da América Latina”, apresentada durante o Congreso 53. ICA de México, na Cidade do México em 2009 e pretende avançar na discussão bem como inclui novos filmes e nova literatura e uma apresentação de trechos fílmicos.

 

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Guilherme Castro - UNISINOS 

PORTEIRA FECHADA - A EXPERIÊNCIA DO DIRETOR

 

Trata-se de discutir as relações entre a literatura e o cinema; especialmente o uso e as diferenças nessas linguagens das vozes narrativas, foco, ponto de vista (se, em literatura, o tema é corrente, em cinema é ainda mais especial e pouco entendido); esse recorte é importante no filme Porteira Fechado. Entre outras coisas, podemos adiantar que todos os personagens do filme, vindos do livro, vivem a necessidade de se adaptar a um mundo em transformação - dai o carácter das fronteiras e do transitório-, sendo a narrativa articulada através de diferentes olhares, que, em cinema, por suposto, não quer dizer fala em primeira pessoa.

 

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Maria Helena Martins - Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins - CELPCYRO

PORTEIRA FECHADA - UMA CRIAÇÃO FRONTEIRIÇA

Trânsito, deslocamento, passagem são indicativos da dinâmica característica de expressões estéticas que superam limites de tempo e espaço, ainda que construídas em contexto circunscrito espacial e temporalmente. A proposta é apresentar o romance Porteira Fechada, de Cyro Martins, como exemplar desse tipo de criação fronteiriça.

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Breno Longhi – FFLCH - USP

 

EL CHAVO DEL 8 E O REALISMO CÔMICO

O presente trabalho é fruto de pesquisa em estágio inicial e tratará da série de televisão entitulada "El Chavo del 8", criada pelo comediante e dramaturgo mexicano Roberto Gómez Bolaños para a rede de televisão Televisa entre 1971 e 1992.

Partimos da pressuposto que Bolaños se insere em uma longa tradição de um gênero de realismo cômico que passa pela novela picaresca, "Lazarillo de Tormes", pelas personagens do cinema mudo, em especial  "The Tramp" de Charles Chaplin, e pelo cinema mexicano e a personagem "Cantinflas",de  Mario Moreno. Nosso objetivo será o de traçar o paradigma estético-formal e temático do programa , tendo em vista compreender as razões estéticas para o sucesso quase universal do programa, que continua a ser transmitido ainda nos dias de hoje a diversos países da América Latina.

Para tanto faremos uso do método historiográfico e analítico presente nos ensaios de Erich Auerbach em seu livro Mimesis. Dargestellt= Wirklichkeit in der abendländischen Literatur. Além disso, nos utilizaremos do ensaio As idéias fora do lugar, de Roberto Schwarz e das Notas de Literatura, de Theodor W. Adorno.

De forma lateral abordaremos alguns problemas metodológicos que a crítica enfrenta no decorrer de seu esforço por compreender as formas de cultura de massa surgidas a partir da segunda metade do século XX.

 

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Ligia Vassallo

RECEPÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA NA AMÉRICA HISPÂNICA

O estudo mostra o descompasso entre a penetração da literatura hispanoamericana no Brasil e a da literatura brasileira naquele universo. Baseia-se para tanto em análise de catálogos de editoras de países latinoamerianos, em particular Cuba, Venezuela, Argentina e Chile, entre outros, em matérias de jornal e em comunicações de congressos. Observa-se ainda quais os primeiros autores de cada campo que incluiram os dois Grupos em suas obras sobre o conjunto da América Latina e verifica-se que esta tendência vem paulatinamente aumentando, até mesmo entre pesquisadores norteamericanos e europeus. Gundo Rial y Costas. Imaginários brasileiros sobre as Américas.

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Carlos Maciel - Université de Nice-França

 

AMÉRICA LATINA: IDENTIDADE, CONVERGÊNCIA E DIVERGÊNCIA

 

A história de um país é a história da sua identidade, afirma Felipe Pigna, lembrando que ali estão registradas as nossas glórias e as nossas misérias e que é ali que encontramos a razão de ser do nosso orgulho e da nossa vergonha, sem nunca perder de vista que se trata de nós. (V. Felipe PIGNA, Los mitos de la historia argentina. La construcción de un pasado como justificación del presente – Grupo editorial Norma, Buenos Aires, 2004). É nesta trama que vamos inserir a nossa problemática: a identidade como tema fundador, como convergência e ponto de encontro, como divergência, fronteira e desencontros. O ponto de partida será o próprio termo identidade, enquanto construção, considerados alguns parâmetros apontados também por Darcy Ribeiro na sua obra ‘O Processo Civilizatório’. Na linha do tempo, serão considerados, dentro de uma íntima relação de causa a efeito, o século XVIII (século das idéias) e o século XIX (século das aplicações), século de todas as construções (toda a América Latina, enquanto espaço a definir, se forma aí, assim como, de modo mais abrangente, todo o continente americano, enquanto realidade política. A identidade ne insere neste contexto, inevitavelmente associada à revolução demográfica que vai então caracterizar o continente.

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Mónica Bueno

 

RICARDO PIGLIA E SILVIANO SANTIAGO: NARRATIVA Y TRADICIÓN

 

Tanto Ricardo Piglia como Silviano Santiago han desarrollado una escritura autorreflexiva y, al mismo tiempo, cuestionadora y política.  Ambos releen, cruzan sentidos, disponen  la red del pasado para construir una ontología de lo aun no acontecido. En este sentido, sus poéticas se fundan en una operación de reinvención permanente. Los dispositivos ficcionales y no ficcionales determinan que sus textos se constituyan por un lado, como un laboratorio donde la experiencia personal es siempre un experimento con la narrativa y por otro, un diálogo con la tradición nacional.

Piglia y Santiago no sólo se contactan en ese punto de sus poéticas sino que restituyen en su trabajo como críticos, la irreverencia que Borges reclamaba en su célebre ensayo “El escritor argentino y la tradición”. La lectura que Piglia hace de Macedonio Fernández en la Argentina tiene correspondencias eficaces con el modo en que Silviano Santiago analiza a Mário de Andrade en Brasil.

 

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Marcel Vejmelka - Freie Universitaet Berlin

LA CRÍTICA Y LAS MÁSCARAS: LA DIMENSIÓN AUTORREFLEXIVA DE ÁNGEL RAMA

Dando secuencia a estudios sobre Antonio Candido, Anatol Rosenfeld y Otto Maria Carpeaux, se trata ahora de estenderlos a la obra de Ángel Rama, teniendo como punto de partida ejemplar el análisis que el hace del Modernismo hispanoamericano.

Haciendo contrapunto a los estudios culturales, el intento de esta ponencia es ubicar a Ángel Rama en lo que se podría llamar "los caminos del saber o de los saberes", sobretodo del ensayo y de la literatura como objetos de la crítica.

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Vera Chalmers - UNICAMP

 

CAVEIRAS, PERUAS E OUTRAS FIGURAS

A comunicação pretende examinar a ilustração para a imprensa popular de cunho político. Para tal, propõe-se a estudar os desenhos do mexicano José Guadalupe Posada, que desenhou para jornais, folhetos, livros, enfim, uma extensa obra gráfica, e aproximá-lo da obra contemporânea do brasileiro Rubem Grillo, que desenhou para a assim chamada, imprensa nanica, durante a Ditadura militar e logo após a abertura.  Para este fim, buscará aproximações entre o traço caricatural fundado na tradição popular mexicana de Posada  e a ilustração contemporânea e urbana de Rubem Grillo, na criação de personagens que se configuram como tipos, e sua relação com a palavra.

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Carlos Túlio da Silva Medeiros

DA TEMPESTADE DE SHAKESPEARE AO ARIEL DE RODÓ

Quando se intenta trabalhar com o tema América Latina, devemos considerar que, assim como "há mais coisas entre o céu e a terra do que julga nossa vã filosofia", lembrando o diálogo entre Hamlet e Horácio, há muitos outros caminhos que podemos descobrir, ou dúvidas a levantar, quando pensamos, refletimos ou estudamos o continente latino americano. Este ensaio pretende apontar possíveis comparações, e seus respectivos contraditórios, entre as personagens shakespereanas Próspero, Ariel e Caliban, da obra A Tempestade (1611), com os seus homônimos da obra Ariel (1900), de José Henrique Rodó, tra(n)çando, assim, os caminhos buscados pelo autor uruguaio para orientar o seu ouvinte, neste caso, o povo latino americano, na busca e materialização de sua identidade, diante, ou não, da dialética sempre constante do escravo e senhor, dominante e dominado, conquistador e conquistado; bem como despertar e orientar, da melhor forma, a luta desse mesmo povo contra os processos sócio-culturais e político-econômicos impostos, a priori, pela Águia do Norte, os Estados Unidos da América, desde quando este assumiu, de vez, o seu papel de potência-líder e modelo para a América como um todo, querendo seus irmãos do sul, ou não, especialmente a partir do ano de 1898, quando vence a guerra contra a Espanha.

 

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Francisco Foot Hardman

 

ROBERTO BOLAÑO E A RAZÃO NÔMADE: UMA ESCRITURA LATINO-AMERICANA SEM FRONTEIRAS Roberto Bolaño (1953-2003), escritor chileno de nascimento, auto-exilado na Cidade do México nos anos 1970, momento marcante de sua formação literária, e catalão por adoção, já que viverá metade de sua vida nos entornos de Barcelona, teve sua obra de poeta "infrarrealista", prosador de ficção e crítico cultural profundamente vinculada à experiência do desterro, que não significou apenas expressão de uma trajetória existencial, mas sintoma de toda uma geração dividida entre o exílio político e a diáspora social e econômica. Nossa leitura percorrerá vários de seus escritos à procura desse "não-lugar" de sua arte literária, o que, longe de representar a aparente neutralidade dos espaços globalizados vai na direção do dissenso e da multiplicidade diferenciada de espaços-tempos. O "próprio-impróprio" de sua invenção é também a invenção de um latinoamericanismo à deriva, que se desloca sem paradeiro por memórias em fragmentos e por paisagens nada amenas, sejam as do pesadelo chileno, do deserto mexicano ou de alguma praia desolada da Costa Brava. Fundada no ato poético como valor incondicional e na violência criadora do discurso literário, a errância dessa escritura é o modo com que seu autor restitui a "região" na história mundial contemporânea, entre lirismo, comédia e horror. Palavras llaves: Bolaño, Chile, desterro, não lugar, latinoamericanismo, região, história mundial.

 

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Stefan Gandler

 

EL ENCUENTRO DE FILÓSOFOS MIGRANTES EN AMÉRICA LATINA: ADOLFO SÁNCHEZ VÁZQUEZ Y BOLÍVAR ECHEVERRÍA

El trabajo quiere contrastar las ideas de dos filósofos migrantes en América Latina que fueron influenciados por el marxismo de diferentes maneras y que se dedican a la cuestión de la praxis humana. Se trata de analizar divergencias y convergencias de sus ideas y sus respectivas consecuencias en quanto a problemáticas políticas. Mientras que Sánchez Vázquez tiene en gran estima la posibilidad de intervención del sujeto, Bolívar Echeverría tiene una relación especialmente escéptica con la praxis humana. La relación con Marx permitiría a Echeverría un enfoque crítico del eurocentrismo y a Sánchez Vázquez una crítica radical del conocimiento.

 

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Valéria de Marco - Universidade de São Paulo - USP

 

FIGURAÇÃO DO EXILADO: REFLEXÕES SOBRE ALTERIDADES

O trabalho examina um traço frequente em obras escritas por diferentes exilados republicanos espanhóis com o objetivo de caracterizar singularidades de uma eventual escritura exilada. A partir de textos em que autores transformam em tema o país de adoção ou de passagem ou ainda aqueles que enfrentaram momentos de convulsões históricas, considera-se como o discurso de reflexão sobre alteridades pode apontar uma estratégia de reconfiguração da identidade fraturada pelo banimento. Neste movimento especular, procura-se relacionar deslocamentos textuais, formas oblíquas e figurações do exilado, na leitura de ensaios sobre aspectos da cultura mexicana escritos por Juan Rejano, José Moreno Villa e Max Aub, ao lado de textos poéticos que também se debruçam sobre o país de asilo, como Elegías mexicanas, livro de poemas, de Juan Rejano, Cuentos mexicanos (con pilón), de Max Aub, e Variaciones sobre un tema mexicano, livro de poemas de Luis Cernuda.

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Ellen Spielmann

 

AS NOVAS CIÊNCIAS SOCIAIS ENTRE FRONTE POPULAIRE E ESTADO NOVO - in memorian de DINA DREYFUS E CLAUDE LÉVI_STRAUSS

Segundo Juergen Habermas, um dos conflitos principais do curto século XX foi a luta entre facismo e democracia. Segundo a historia das ciências, a etnologia e a etnografia como disciplinas acadêmicas estão marcadas desde seu nascimento por serem « filhas do colonialismo ». Diante deste horizonte, a exposição enfoca uma mudança profunda : acontece que com Paul Rivet, diretor do Musée de l´Homme, e, desde 1928, membro correspondente da Academia Brasileira de Ciência, e com Claude Lévi-Strauss, os intelectuais mais importantes do século XX vêm ao Brasil. Entre 1936 e 1939 observa-se um desencontro entre os jovens etnólogos, Dina e Claude Lévi-Strauss - considerados representantes da Fronte Populaire – e a política do Estado Novo. A partir de novos documentos procurarei situar os encontros e desencontros dos jovens etnólogos com o aparato do Estado Novo de Getúlio Vargas. A análise refere-se também ao gênero da literatura de viagem e inclui monografías, por exemplo Tristes Tropiques.

 

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Ana Cecilia Olmos

 

ESCRITURA E MARCAS DA SUBJETIVIDADE. SOBRE FICÇÃO E AUTOBIOGRAFIA EM LIBERTELLA E BELLATIN

 

Em algum ponto, como explica Blanchot, o escritor resiste a renunciar a si mesmo em favor da potência neutra, sem forma e sem destino, que impulsiona a escritura. Nessa resistência, não é incomum que ele trace, no conjunto da obra literária, trânsitos discursivos de caráter autobiográfico que venham satisfazer essa necessidade de manter uma relação consigo mesmo. Este trabalho propõe refletir acerca das relações entre sujeito, escritura e gênero literário em Lecciones para una liebre muerta de Mario Bellatin e Arquitectura del fantasma. Una autobiografía de Héctor Libertella. Títulos que desenham percursos discursivos autobiográficos ou disseminam marcas da subjetividade no conjunto de obras literárias que se definem pela subversão das fronteiras de gênero.

 

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Viviana Gelado

 

ENCONTROS E DESENCONTROS COM A VANGUARDA: ESTÉTICA E POLÍTICA NO CARIBE HISPÂNICO

No contexto político conturbado da recente independência do poder colonial espanhol e da crescente influência do poder político e econômico dos Estados Unidos, surgem diversos movimentos de vanguarda em Porto Rico e Cuba. Também a República Dominicana, embora independizada anteriormente, não se verá livre dos efeitos do neocolonialismo norte-americano. Nos três países, os poetas e intelectuais que participaram ativamente dos movimentos de vanguarda, muitas vezes interessados na valorização do popular em sentido amplo (e mais especificamente, de elementos da cultura popular de origem africano), participarão do debate com o poder público não apenas em torno a questões de ordem estético, mas também político. Neste debate irão definindo-se mutuamente os rumos político e estético da região.

Palavras-chave: vanguarda latino-americana, vanguarda estética, vanguarda política, Caribe hispânico, cultura popular.

 

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Graciela Foglia

 

VARIACIONES EN TORNO DE LA FORMA DE LOS CUENTOS DE RODOLFO WALSH

Si, como lo expresa el resumen de este simposio, algo que caracteriza al siglo XX es la metáfora del tránsito y, asociado a éste, el reconocimiento de la “centralidad de la variación”, tal vez la obra literaria de Rodolfo Walsh sea un lugar adecuado para observar dicha variación; me refiero, en particular a los cuentos contenidos en Los oficios terrestres y Un kilo de oro. El conjunto de dichos relatos se estructura sobre “desvíos” formales: a comenzar por los títulos que anuncian lo que no se leerá (“Fotos” que no son fotos, “Cartas”, que no son cartas; la “Nota al pie”, que es una carta, son algunos ejemplos), en cada cuento parece haber un ensayo de forma, una búsqueda estética. Pero, a pesar de esas variaciones, un trazo común a los relatos es que están construidos a partir de narradores desprovistos de poder. Aquí describiré y discutiré los aspectos antes mencionados como una búsqueda de delimitación de un lugar de pertenencia. Palabras claves: Rodolfo Walsh, cuentos, pertenencia, identidad.

 

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Gundo Rial y Costas

 

IRACEMA, MALINCHE E POCAHONTAS. ÍCONES AMERICANOS?

Nesse estudo vou abordar as imagens sobre essas tres mulheres tradutoras e a maneira na que sao integradas ou afastadas dos respectivos imaginários nacionais. Isso vou fazer apartir da ficcao  fundacional  "Iracema", do esquecido romance de "Pocahontas" e das versoes históricas culturais da Malinche segundo Octavio Paz. No caso brasileiro e mexicano Iracema e a Malinche foram usadas como possivéis modelos de potencial aglutinador para o mesticagem e o mestizaje. O caso de Pocahontas mostra a contingencia dos mecanismos excludentes dos mitos porque ele foi marginalizado durante varios séculos nos Estados Unidos pelas dinámicas da politíca da "frontier americana" na que nao teve espaco para uma história de amor entre branco e indigena. Pretendo mostrar como no nosso tempo postmoderno essas figuras míticas voltam, muitas vezes sao reapropriadas com significados novos, como no caso da Malinche que funciona como o símbolo principal do movimento chicano. Finalmente vou mostrar como na figura da Sol (figura da telenovela "América" da Glória Pérez, 2005) se encontram pegadas dos tres ícones que contribuem a uma figuracao americana que inclui elementos lusos, hispanos e anglos.

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