Em 1898 constituiu-se a terceira Faculdade de Medicina do Brasil,. em Porto Alegre. Unindo esforços, superando distâncias e dificuldades, os profissionais que se haviam formado em Salvador ou no Rio de Janeiro ( onde surgiram os primeiros cursos médicos) iniciaram uma trajetória que a consolidou como formadora de profissionais da saúde, pontificando pela liberdade no exercício da prática médica e compromisso em atender as necessidades da comunidade.

Ás onze e meia da manhã do dia da formatura, em dezembro de 1933, Cyro Martins e Mário Martins, amigos e colegas, colaram grau na secretaria, dessa mesma Faculdade de Medicina. Á noite a turma colaria grau no salão nobre. Relata Cyro:“Não era por orgulho ou outras diferenças que nós, Mário e eu, não compareceríamos incorporados aos colegas para receber o ambicionado canudo, mas simplesmente por pobreza, bem compreendida e aceita com naturalidade. O custo do linho-branco ultrapassava longe as nossas nenhumas posses, por mais que cavoucássemos no forro dos bolsos”.*

Em 1991, a 29 de junho, foi fundada a Academia Sul-rio-grandense de Medicina,  tomando posse os primeiros Acadêmicos, num total de 60, com seus Patronos escolhidos. Na Oração proferida na sessão solene, Dr. Mário Rigatto, enfatiza que “é por ser a Medicina ambiciosa, desejada, e, acima de tudo, difícil, que se justifica uma Academia de Medicina.”.

Possivelmente esse tenha sido um dos motivos para Cyro Martins tornar-se um dos Fundadores dessa Academia, ocupando a Cadeira 47, tendo  Mário Alvarez Martins como Patrono. A Faculdade de Medicina do Rio Grande do Sul, o Patrono e o Fundador, todos centenários, representam, pelo que construíram em prol da formação médica, um patrimônio a ser cultivado pela comunidade, em retorno ao tanto que lhes propiciaram.

No dia 28 de março de 2009, no Auditório do CREMERS, Dr. Telmo Bonamigo, na condição de atual Presidente da Academia, presidiu sessão especial comemorativa do centenário de nascimento de Cyro Martins, um dos fundadores da instituição. Coordenou os trabalhos Dr. Blau Fabrício de Souza, proferindo palavras de reconhecimento às contribuições do homenageado, sendo também ouvidos os filhos de Cyro Martins. A seguir, tomou a palavra o Acadêmico Honorário, Dr. João Gomes Mariante, para um discurso pautado pela emoção contida e lucidez de amigo e colega. Revisitou, assim,  a trajetória de vida e a construção da obra de quem soube fazer seus caminhos, respeitando as misérias e a grandeza da condição humana.

Maria Helena Martins

* Fragmento de “A Formatura” IN: A Dama do Saladeiro- histórias vividas e andadas. Porto Alegre, Movimento, 2000, p.57. ( 1ª. ed. 1980) - Leia o texto na íntegra.