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Á Beira do Tártaro E-mail
Coluna CELPCYRO - Colunistas

João Gomes Mariante *


Pertence ao domínio da cultura o conhecimento da existência do “Tártaro”, representante mítico do inferno das religiões ecumênicas.

 

Virgilio, em Eneida, 19 a.C., descreve-o como Érebo precursor dos infernos cristãos. No lendário inferno protegido por muralhas de diamantes e envolto em círculos de fogo eram sepultados, nos subterrâneos incandescentes, os inimigos das Fúrias.

 

O Tártaro assombra e aterroriza os homens e os Deuses e está submerso no abismo da noite eterna.

 

As ocorrências apocalípticas que assolam o Japão caíram como um arauto advertindo o mundo e, em particular, os que negam, contradizem e colocam em tela de juízo os perigos e riscos das usinas atômicas. O terror apoderou-se do país e invadiu o mundo que, estarrecido, contempla a indescritível tragédia com respeito, consternação e esperança. O terror conquistou o dom da ubiquidade.

 

Neste ano, como em outros, o “sakura-zenses” (cerejeiras em flor) – milenar ocorrência florida –, dadas às circunstancias trágicas, não terá a cor de sempre, mas exibirá o colorido das condolências estampadas nas cores dos seus troncos.

 

O adverso destino da infortunada grei nipônica e dos seus integrantes está sempre em genuflexão torácica, saudando loas. Críticas certamente não alhearão seus propósitos de viver e de acionar em tais ocasiões o instinto de vida. A era atômica tem seu epicentro em Fukushima. Lá a natureza cedeu livre conduto ao cataclismo nuclear, evidenciando a contingência da transfiguração de seus habitantes em partículas desintegradas; e o solo, em epiderme macerada e estéril para o renascer de outras cerejeiras.

 

Conforme relata o “Novo Testamento”, quatro são os cavaleiros do apocalipse, que representavam a Peste, a Guerra, a Fome e a Morte.

 

Robert Oppenheimer foi o gerador do artefato arrasador de Hiroshima e Nagasaki. O extraordinário gênio da física, que se saiba, jamais confessou arrependimento algum pelas destruições de sua criação tanática.

 

Contrariamente, Alfred Nobel morreu sob o impacto de uma culpa persecutória que o levou a instituir a Fundação homônima, destinada a fomentar as ciências e a cultura, com ênfase na manutenção da paz universal.

 

A respeito dos quatro cavaleiros do apocalipse, poder-se-ia incluir mais dois.

 

Se a humanidade não adquirir uma consciência ecológica, não dar um basta à gravíssima tendência da proliferação humana, poderá seguir o mesmo destino dos dinossauros, varridos por um “tsunami” celestial como réplica do que destruiu as torres nucleares de Fukushima. Se tal ocorrer, nenhum sobrevivente existirá para contar a história do outro.


* João Gomes Mariante é Médico Psicanalista e Escritor. Diretor do Jornal MenteCorpo.