Cyro Martins e Colaboradores - Reedição de 2010

A P R E S E N T A Ç Ã O

 Maria Helena Martins - organizadora da edição comemorativa

Edições comemorativas, com frequência, acontecem para lembrar efemérides, homenagear personalidades, instituições. Estão voltadas para o passado e marcam trajetórias cuja culminância – em muitos casos – se dá com a referida publicação.

No caso deste livro, enaltecem-se os 30 anos de sua primeira edição, o fato de ter sido pioneiro na abordagem do tema no Brasil e o primeiro publicado pela ARTMED. Mas sua validade supera o registro comemorativo dessa data e de um determinado momento da relação médico-paciente no país.   Hoje se evidencia a premência de abordar essa relação de modo ampliado, a fim de abranger toda a área de profissionais da saúde, questão básica para o exercício profissional eficiente, embora ainda não devidamente aprofundada nos cursos regulares de formação.

Ademais, a obra se enriqueceu porque apresenta a maioria de seus autores em plena atividade profissional e altamente atualizados. Trata-se, pois, de um trabalho e da reflexão a seu respeito amadurecidos por uma visão histórica e pessoalizada, contribuindo para o desenvolvimento científico e humanístico da relação médico-paciente. Se temos agora a satisfação de reencontrar profissionais escolhidos por Cyro Martins para representar a classe médica, também lamentamos a ausência dos que, como ele, não privam mais desse grupo tão especial, mas cuja atuação foi igualmente marcante.

Nesse contexto, este livro se torna fundamental. Daí também por que será referência para o projeto do CELPCYRO, Humanidades Médicas: aprimoramento da atenção básica ao paciente na área da saúde.

Em síntese, o projeto deve promover ações de sensibilização, informação e elaboração, em módulos com atividades teóricas e práticas, para profissionais da saúde em geral, a fim de propiciar-lhes ampliação de conhecimentos e condições para valorizar as ciências humanas, as manifestações culturais e artísticas como elementos favorecedores da melhoria no atendimento do paciente.

         Como preconizava Cyro Martins,

quando se sugere aos médicos que, além de profissionais, sejam também

humanistas, isto não significa uma solicitação para que se dediquem mais aos assuntos gerais, à temática do permanente no homem, e descurem suas preocupações de ordem técnica, seus conhecimentos de aplicação imediata. O que desta forma se está insinuando é que, não obstante a estrita atividade profissional, se  mantenham atentos às vibrações da sua época, que poderá ser, conforme a expressão de Ortega y Gasset, de grandeza ou de rotina. A nossa é de grandeza, porque é decisiva. (Cyro Martins. A Criação Artística e a Psicanálise.

           Porto Alegre: Sulina, 1970, p. 61-76)

Leia também o Prefácio e o Posfácio dessa edição