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Cyro Martins, um humanista | Imprimir |  E-mail

Maria Helena Martins


Um homem simples e faceiro com suas conquistas. Especialmente  as que significaram um avanço em seu modo de ser gente e de seu compromisso com o destino coletivo, numa visão realista e amorosa da humanidade. Saiu guri da Campanha, na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, direto para Porto Alegre, onde se fixou, embora sempre tenha andado por outras paragens. Ás custas de seus esforços, fez da Medicina sua profissão e da Literatura sua companheira de toda a vida, ainda que dedicasse a ela apenas “o rabo das horas”, como dizia, as sobras de tempo do trabalho cotidiano. E nunca esqueceu os pagos, cujos percalços de toda ordem não deixou de acompanhar, nem de  lembrar sua paisagem humana e o pampa, que  recriou na ficção com uma vivacidade surpreendente para quem ficou  sem voltar à terra natal por mais de 40 anos.

Entre suas conquistas, arrolava a capacidade de apreciar um pôr de sol,  um bate-papo, um bom vinho; de deliciar-se com versos e frases de outros autores e com alguns trechos dele mesmo. “Minha filha”, disse-me ele, ”na vida toda não temos mais do que duas ou três boas idéias; importa é saber aproveitá-las”.  Sem se escorar nos eternos achados, nem se iludir com discursos de pseudo-conhecimento, deixou contribuições significativas. Seja para aprofundarem-se questões básicas sobre saúde mental (foi um dos fundadores da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre e da prática da psicoterapia de grupo no Brasil); seja para a literatura do Rio Grande do Sul, destacando-se também no contexto do chamado “romance brasileiro de 30”. Sua vasta obra de ficção e ensaios foi profícua; trabalhou e publicou até o final da vida.

Já se tornou refrão, de tantos quantos falam/escrevem sobre ele,  o que transcrevo a seguir, pois me parece sintetizar sua visão de mundo e cabe, principalmente, neste ano de 2008, quando se  comemora o centenário de seu nascimento:


... vez que outra é bom ir ao encontro de nossas visões, as dos

fantasmas evanescentes que ficaram para trás e as que ainda nos
fascinam abrindo clareiras nos esconderijos do porvir. Mas o ideal
mesmo é a gente poder não se sentir jamais em fim de festa e
experimentar o gosto de viver, no devir do dia-a-dia, infinito recomeçar da criação.

(Rodeio- estampas e perfis)


Porto Alegre, outubro de 2008