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Sobre Solenar, de Rafael Bán Jacobsen E-mail
Escritores Gaúchos - Vitrine

Juarez Guedes Cruz

Entre janeiro de 2002 e setembro de 2004, Rafael Bán Jacobsen elaborou um romance para ser lido de um só fôlego e relido com admiração e encantamento. Estou falando de Solenar, obra que recebeu o Prêmio Açorianos de narrativa longa – edição 2006. Não tenho a pretensão de enumerar os diversos e profundos vértices dessa obra, mas, para incentivar quem ainda não a conhece, reproduzo os dois primeiros e o último parágrafo do romance.

Solenar começa com as seguintes palavras:

"Tão logo despertei, sobressaltado pelos gritos dos empregados da linha férrea, anunciando que havíamos enfim chegado à última estação, pude ver, através dos vidros embaçados, que a noite caíra, escurecendo a paisagem ao redor. Sonolento, colei meu rosto à janela e espremi os olhos,na tentativa e enxergar um pouco da cidade. Lá fora, a noite no pampa pintava de azul estrelado o ondear das coxilhas que corcovea vam por toda a paisagem, até se perderem no horizonte como um mar triste e silencioso.

O que vi fez-me sentir tão súbita desolação que tratei de voltar meus sentidos para o interior do trem. Ali, o armorno e um tanto abafado, as luzes que iam se acendendo no corredor central e o borburinho crescente dos passageiros formavam gritante contraste com o que nos aguardava lá fora. Como não havia muitas pessoas, o desembarque ocorreu com tranqüilidade. Porém, quando saía de minha cabina, esbarrei com um homem que vinha apressado pelo corredor. Uma de suas maletas caiu e fiz menção de largar minha própria bagagem para ajudá-lo. Impediu-me com um polido sinal.

- O senhor não se incomode, por favor, eu mesmo pego. Disse ele, pondo-se de pé após tomar a mala de volta".

O último e memorável parágrafo do romance é :

"Todo o homem que ama recolhe as cinzas de tudo o que mata e reconstrói aquilo que ama, criando seu próprio templo, onde celebra os sacrifícios. E assim será: preparo-me, agora, para o maior deles. Tudo está tão quieto ao meu redor, minha alma está tão serena. O silêncio da morte é imenso, o da minha alma, maior ainda."

O leitor dessa breve e, portanto, injusta apresentação, jamais imaginaráo que existe de sentimento e impacto estético, tratados de modo competente, entre as duas pontas da trama. Somente a leitura de Solenar fará jus ao que ali se contém.

 

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RAFAEL BÁN JACOBSEN nasceu em 1981, em Porto Alegre. É, não necessaria-

mente nessa ordem, escritor, pianista e mestre em física nuclear pela Univer-

sidade Federal do Rio Grande do Sul. Em 1997, com apenas dezesseis anos, recebeu o Prêmio Açorianos de Destaque em Narrativa Longa, por seu livro

Tempos & Costumes. Em 2006, voltou a ser premiado com o Açorianos, por seu romance Solenar. Tal precocidade, nas premiações, só pode surpreender a quem não conhece a pessoa Rafael Bán Jacobsen, sua maturidade literária, capacidade de pensar e inteligência agudíssima. Tudo indica que ainda receberemos muito desse talentoso autor gaúcho.

Juarez Guedes Cruz