V Encontro Literário com Escritores na Fronteira – Artigas (Uy) e Quaraí (Br) |
Fronteiras Culturais - Atividades | ||||
Escritores quaraienses e artiguenses, alunos e público em geral
ABERTURA
Apresentação do escritor Dr Martins Sanches Vera
Numa certa oportunidade, enquanto entrevistava um escritor fronteiriço, o jornalista comentou, “o senhor que é do interior...” e continuou a conversa. Diante de tal abordagem, o entrevistado acrescenta:- ”eu não sou do interior, eu sou da borda”- tinha razão em identificar-se como tal. Os que moramos na fronteira, estamos predispostos a sermos influenciados por nossos vizinhos, aceitando essa posição como uma manifestação de confiança, compartilhando, de um lado para outro, fatos culturais que vão se transformando em comuns. Omitem-se, de algum modo, os limites, para ir gerando amálgama que representa a totalidade do ser fronteiriço. Passamos a acrescentar à nossa riqueza cultural, porque somamos, porque compartilhamos. Já dizia o professor e poeta artiguense, Raul Melo, em seu livro “San Eugenio delCuareim”. “as fronteiras são porosas A recíprocas impregnações “.... E é, justamente desde essa construção, que nasce e cresce o perfil da nossa cultura fronteiriça, permeando-se uma da outra, adequando uma “mistura”, que nos identifica e enaltece, pela qual deveríamos apostar com mais frequência. Encontros como este já é um caminho. Assim como os abraços: sempre são gratificantes.
Associação de escritores de Artigas- Maio de 2016
Participantes do V ENCONTRO LITERÁRIO Professora de Literatura e escritora Celeste Paiva de Artigas/R.O.U; Nadja Boelter da Rosa, coordenadora pedagógica do Setor Cultural do Vice- Consulado do Brasil em Artigas; Sandra Medina, secretaria do Setor; Elba Nury Silva, escritora e poetisa de Artigas/ R.O.U./; Bleia Mota, professora de português do Setor; Teodora Do Santos, funcionaria do Setor; Cindy Berneda, professora de Português, de Artigas /R.O.U. (da esq p/ dir)
DINÂMICA dos ENCONTROS FRONTEIRIÇOS NADJA BOELTER - Professora Especialista em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, com suas respectivas Metodologias, escritora, atualmente trabalha como professora e coordenadora pedagógica do Setor Cultural do Vice- Consulado do Brasil, em Artigas. Nadja, pesquisadora e poeta, efetivamente é quem dá vida aos ENCONTROS, desde o primeiro: ideia, proposta , organização, realização nascem e se concretizam com ela. Seu empenho e entusiasmo se ampliam, atingindo membros da comunidade fronteiriça, desde seus alunos a artistas e intelectuais. E temos uma grande satisfação por ela ser a mais relevante estudiosa e divulgadora da obra de Cyro Martins na nossa fronteira. Fronteiriça de corpo e alma, a poeta quarainhense, se dedica ao ensino, à pesquisa e ao incremento da cultura da fronteira, desde antes de iniciarmos, no CELPCYRO, o projeto FRONTEIRAS CULTURAIS (Brasil-Uruguai-Argentina) -(link para http://www.celpcyro.org.br/joomla/index.php?option=com_content&;view=article&id=365&Itemid=63), em 2000. É a realizadora desses Encontros desde o seu início. Certamente teve suas atividades fortalecidas desde que passou a atuar no Setor Cultural do Vice-Consulado do Brasil em Artigas. Há muito conhecemos seu talento, capacidade e interesse pela obra de Cyro Martins. Ele, por seu turno, admirava o trabalho incansável de Nadja em escolas e faculdade, seu gosto pela confraternização com colegas professores e poetas do "outro lado", inclusive proporcionando contato dele com os do "outro lado". Na fronteira geopolítica do Brasil com o Uruguai, muito mais que marcos indicadores de limites territoriais, prepondera a interação de seus habitantes: há proximidade afetiva e cultural sem que cada lado perca suas peculiaridades. As manifestações culturais e artísticas, além da própria linguagem fronteiriça, constituem um status próprio dessa fronteira, compartilhado pela vivência lindeira, com suas vantagens e seus percalços. Daí ser compreensível que dessa situação aflore um sentimento terrunho, que contamina gente de ambos os lados. Em acréscimo, há o fato de, Quaraí e Artigas, embora cidades territorialmente pequenas e distantes de centros urbanos , parecem destinadas a dar vida a artistas, poetas, desde muito tempo... Aliás, interesse e intercâmbio cultural e artístico constatamos também em Livramento e Rivera, quando desenvolvemos o projeto Fronteiras Culturais em Livramento e RIvera . Esse 5º. Encontro Literário de Escritores na Fronteira continua reiterando a presença da porosodade recíproca da cultura e da vida fronteiriça, como muito bem expressa o escritor Dr. Martins Vera, na Abertura do evento.
SANDRA MEDINA VELLO - Professora de Biologia, curso em relações públicas, fotógrafa, atualmente trabalha como secretária do Setor Cultural do Vice- Consulado do Brasil em Artigas. O Setor Cultural do Vice-Consulado do Brasil em Artigas tem sido revitalizado por conta da atuação dessas duas profissionais desse Setor: Professoras Nadja Boelter e Professora Sandra Medina- Certamente o sucesso do evento realizado neste ano deveu-se à dedicação especial das duas na sua preparação e realização. Maria Helena Martins
**** AMOSTRA DE TRABALHOS APRESENTADOS NO V ENCONTRO
Se ao menos soubesses o que custa o silêncio! vivê-lo no mármore em fogo na experiência que transita por veias profundas.
Si al menos supieras lo que muerde el silencio! sentirlo en la fugaces horas… lo que viene de las profundas aguas Expiação / Expiación
Se ao menos soubesses o que custa o silêncio! vivê-lo no mármore em fogo na experiência que transita por veias profundas. Si al menos supieras lo que muerde el silencio! sentirlo en la fugaces horas… lo que viene de las profundas aguas repletas de vida.
Se ao menos soubesses o que machuca o silêncio! e a dor que provoca seu ruído sem forma ...nem gemido. apenas notas e música suavizam ... sonorizam a imagem imprudente do castigo.
Si al menos supieras lo que destruye el silencio! ni el cristal que guarda la bebida solitaria tiene la grandeza y el amargo sabor de este veneno cristalino.
Se ao menos soubesses o que liberta o silêncio! destruirias o ouro e a prata dos complementos: cadeias seculares... que condicionam as almas em gêmeas.
Si al menos supieras lo que fortalece el silencio! arrojarlo a la orgía mental, prolongarlo en la vanidad de las horas… como un gozo atormentado del mar besando la tierra.
Se ao menos soubesses o que transforma o silêncio! intuindo a presença divina... atando os nós do sagrado mistério... encarnando o dilema – razão, coração!
Si al menos supieras lo que mueve el silencio! dejarlo venir…sin prisa…lentamente… en tiempos de viento y maldad, no me pedirías tanto desafío día tras día. Si ao menos soubesses o que significa o silêncio! Si al menos supieras lo que significa el silencio.
Nadja Boelter, em A hora do Anjo, 2000.
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Exposição do Eng. Civil e artista plástico Pedro Laporte, de Artigas Poema e ilustração de Dagoberto Mendes, de Quaraí
Telas de Vera Suertegaray , artista plástica e professora de Artes, de Quaraí
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