Boa Ventura , o filme |
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Público à espera da sessão de lançamento de Boa Ventura ( 28 de julho de 2015- Casa de Cultura Mario Quintana - Porto Alegre) - Foto de Luiz Alberto Cassol BOA VENTURA Luiz Alberto Cassol * Tive o privilégio de assistir, em 28 de julho, na sala Eduardo Hirtz, da Cinemateca Paulo Amorim, em Porto Alegre, ao curta-metragem “Boa Ventura”, adaptação do cineasta Guilherme Castro para a obra “Porteira Fechada”, do escritor gaúcho Cyro Martins, publicada em 1944, e que faz parte da trilogia literária “Gaúcho a pé”, que tem além do Porteira, “Sem Rumo” e “Estrada Nova”. Guilherme, como já havia feito no primoroso “Terra Prometida”, adaptação da obra do escritor Tailor Diniz (que foi co-roteirista de Castro no Terra), volta ao tema do conflito da terra, da luta de classes, da burguesia exploradora. Sim, não tenho meias palavras para afirmar que o cineasta tem um dom latente em seu trabalho. Filmar com maestria e em um tom poético, silêncios, sons e diálogos, em interpretações que socam nossa cara com a hipocrisia dos “donos de terra” e/ou “urbanos ricos”, diante dos sem terra e/ou retirantes do interior. “Boa Ventura” é atemporal e tem o grande mérito de refletir nossa história assim como o fez Cyro Martins, que se mantém contemporâneo com os temas que apresenta em sua obra literária. Guilherme acerta a mão ao relatar a chegada da família Guedes na “casa grande” dos parentes da cidade. Ele coloca o público como cúmplice da forma velada do preconceito dos anfitrões com seus “hóspedes”. Esse preconceito vai se exacerbando até um final emblemático e revelador de uma sociedade materialista e patriarcal. Mais de 400 pessoas foram até o lançamento do curta lotando duas sessões e mais um debate, após a segunda exibição. Gostaria muito de ver o “Boa Ventura”, sendo assistido em festivais, mostras, cineclubes, salas comerciais e cinematecas pelo Brasil e exterior. São raros os curtas que tratam com tanta coragem o tema da terra e da luta de classes. Tudo isso somado a um esmero técnico completo de toda a equipe, composta pelo diretor de fotografia, Maurício Borges de Medeiros, montagem do Alfredo Barros, trilha sonora do Hique Gomez, desenho e edição de som do Léo Bracht, direção de arte da Adriana Nascimento Borba, direção de produção da Gina O´Donnell, produção executiva da Graziella Ferst e produção da Aletéia Selonk, da Okna Produções. As interpretações são absolutamente certeiras no filme. Fernando Kike Barbosa, Yonara Karam, Patsy Cecato, Julia Bach, Ana Paula Schneider, Eduardo Cardoso e Eduarda Baches Koche, dão o apelo dramático no tom certo que o enredo necessita. Mérito da direção e do diálogo na construção narrativa com suas atrizes e atores e na produção de elenco da Daniela Silveira. Não falo mais sobre o “Boa Ventura”, pois gostaria que vocês assistissem assim que puderem. Podemos fazer um bom debate por aqui. O filme é instigante. Assim como foi o debate presencial com o público no final de julho que teve, além do Guilherme, as presenças da Mônica Kanitz (jornalista de cultura e programadora da cinemateca), do Milton Do Prado (montador e professor de cinema) e do Claudio Martins (filho do escritor Cyro Martins e presidente do Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins). Boa sessão e uma salva de palmas ao “Boa Ventura”. Vida longa para esta obra! ------ * Diretor de Cinema e Roteirista na Empresa Accorde Filmes e Filmes de Junho Produtora.
Debate com o Diretor Guilherme Casytro, Patsy Cecato e membros da equipe técnica do filme após 2a. sessão especial durante evento CYRO MARTINS REVISITADO - Foto de Luiz Alberto Cassol
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