Conversando com e sobre estrelas do céu na terra |
Além da Letra - Acontecências |
Depoimento* da astrônoma brasileira, Cristina Chiappini que, com seus colaboradores, acaba de revelar descoberta importante para a astronomia: amostras de estrelas mais próximas ao Sol mostravam só a “ponta do iceberg”, e passaram desapercebidas até que o presente trabalho descobrisse um grande número destes objectos localizados nas regiões mais internas do disco Galáctico, para os quais o “relógio químico” não funciona.
Cristina Chiappini participando de reunião da colaboração SDSS-III realizada no Rio de Janeiro em 2012. Crédito: M.A.G. Maia/LInea
Eu trabalho na área que agora se chama "Arqueologia Galática". Tem sentido, pois é como usar informações de fosseis... As estrelas possuem características químicas que podem ser usadas para inferir suas idades. Acreditamos que a história da nossa Galáxia esteja guardada nas estrelas: e estudando as suas propriedades químicas, suas posições e velocidades, conseguimos reconstruir essa historia perdida. São quase como um livro :) Só que esse relógio químico não e' um relógio suíço, não é tão preciso. Mas surgiu a oportunidade de conseguir medir a idade de algumas estrelas de outra maneira, usando um satélite europeu (que já morreu), o satélite CoRoT. Ele mede variações no brilho de estrelas com alta precisão. Isso e' importante para achar planetas em volta de outras estrelas (e CoRoT achou). Mas para nós o importante é que CoRoT também pode ser usado para estimar a idade de estrelas! Eu estudei então um grupo de estrelas para os quais juntamos a informação do CoRoT com a informação química (que vem de uma colaboração chamada APOGEE, da qual o Brasil faz parte - só com algumas pessoas, e me incluíram em 2010, mesmo eu estando fora . APOGEE mede a química das estrelas via espectroscopia. Juntando a informação do APOGEE com o CoRoT vimos que embora na maior parte das vezes o relógio químico funcione, para algumas o relógio químico dizia que eram velhas, e os dados do CoRoT indicavam , ao contrário, que eram jovens! Isso foi inesperado e pode ter consequências importantes. Eis um link com a notícia em português, com mais informações em LInea - Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia: http://www.linea.gov.br/2015/04/o-tempo-nao-para-exceto-para-algumas-estrelas/ [2] .............
Outras revelações de uma mãe coruja que, por ser minha amiga, me permito passar adiante. Lúcia, no aniversário de 6 anos
Aqui te escrevo uma outra coisa bonita... é da Lúcia (que fez 6 anos agora dia 16 de abril), que anda botando a cabecinha pra funcionar com perguntas incríveis: Lúcia: Mãe, por que você saiu no Jornal? Foi por causa das estrelas? Por quê? Eu: Foi. Mas é complicado explicar filha... Lúcia: Mas eu quero saber!!! (emburrou) Eu: E' que as estrelinhas têm um reloginho dentro delas que a gente chama de reloginho "químico". Se elas forem bem velhas, elas se formam com poucos "elementos químicos" - o que é isso? São as coisas que as estrelas cozinham dentro delas e que quando elas morrem elas dão de presente para o Universo, que assim pode formar mais estrelas que ficam cada vez mais cheias dessas "coisas" (elementos químicos) que servem para fazer tudo, como o ar que a gente respira ou esse cabelo lindo que você tem! E mamãe achou umas para as quais esse reloginho parece estar quebrado... pois a gente viu que elas eram ainda menininhas como você... mas o reloginho químico dizia que elas eram velhinhas! Lúcia: ahhh....Mas mãe.... se quando elas nascem elas têm mais desses "negócios químicos" então como era a primeira estrelinha que nasceu? Ela não tinha nada? Quero saber como começou! Eu: Ai, Lúcia... isso ninguém sabe! Vamos dormir que ta tarde! Lúcia: Você sabe! Você não quer me contar! Dormimos... --------------------------- * Depoimento que me foi enviado por email dia 21 de abril (MHM) ============================================
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