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Autismo e Neurodesenvolvimento  E-mail
Saúde Mental - Artigos

 


Camilla Mazetto, Maria Clara Nassif e Wanderley M. Domingues*

 

O autismo é uma disfunção neurológica de base orgânica, que afeta a sociabilidade, a linguagem, a capacidade lúdica e a comunicação.

 

Classificação Internacional de Doenças – CID 10, publicada pela Organização Mundial de Saúde

 

 

 

               A 2 de abril é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, daí trazermos à tona esta que é uma pauta importante para toda a sociedade.

               Os transtornos do espectro do autismo já alcançaram uma posição de destaque nas discussões sobre políticas em saúde mental infantil, sendo que as famílias e a sociedade como um todo conquistaram junto aos órgãos governamentais o reconhecimento da necessidade de se oferecerem tratamentos especializados e efetivos.

               Entretanto, frente aos inúmeros modelos de intervenção hoje existentes, torna-se difícil conhecer o alcance e as limitações de cada abordagem, ou mesmo reconhecer aquelas que se diferenciam dos métodos tradicionais: os modelos de inspiração psicodinâmica e psicanalítica ou aqueles baseados em abordagens comportamentais.

               Tais métodos foram historicamente as principais referências quando o autismo era considerado um transtorno de origem emocional ou quando o foco das intervenções passou a ser educacional, respectivamente.

               Atualmente, a ampliação do conhecimento científico permitiu compreender o autismo como um transtorno do funcionamento cerebral, enfatizando o diagnóstico e intervenção precoces, e permitindo uma mudança conceitual quanto às modalidades mais adaptadas de intervenção.

               Pesquisas em neurofisiologia, realizadas em universidades francesas desde a década de 70, deram origem à estruturação de uma forma de tratamento denominada "Thérapie d'Échange et de Développement" (TED, em português Terapia de Troca e de Desenvolvimento), que veio a inspirar outras abordagens integrativas, tais como o "Early Start Denver Model", amplamente pesquisado nos EUA.

               A TED tem o objetivo de mobilizar as atividades dos sistemas integrativos cerebrais, em um contexto de disponibilidade, tranquilidade e reciprocidade. Suas premissas apoiam-se em pesquisas neurofuncionais, abrindo a possibilidade de influenciar a trajetória do neurodesenvolvimento em crianças diagnosticadas precocemente.

               Não apenas a TED, mas também o Método Ramain e o Dia-Log se apoiam nas mesmas bases e surgem como possibilidades bastante promissoras de intervenção, apresentando programações originais específicas para cada etapa de desenvolvimento, da intervenção precoce à vida adulta, com programas específicos, desde habilidades psicossociais à inclusão no mercado de trabalho.

               A experiência com essas abordagens é o foco de estudos de grupos brasileiros e franceses em cooperação, com resultados que sugerem a possibilidade de transformar o desenvolvimento de crianças com características próprias do espectro, resultando na expressão de quadros leves e prevenindo a expressão mais grave do distúrbio.

               Dada a extensão das disfunções acarretadas pelo autismo, que inclui atraso na comunicação social, comportamentos repetitivos e dificuldades na atenção compartilhada, a família e o meio ambiente constituem fatores importantes para a intervenção, permitindo diminuir as inadaptações.

               Cada um desses procedimentos buscam incluir os pais no programa mais geral de intervenção, através de programa específico de orientação aos mesmos.

               Muitos centros de pesquisa vêm investindo na difusão e ampliação do conhecimento sobre o tema, favorecendo a identificação dos primeiros sinais e a busca por intervenção desde o início das dificuldades da criança.

               Neste sentido, as atividades do Self Azul, que une profissionais, pesquisadores, pais e a sociedade civil, empenham-se em tornar conhecidas as abordagens que levam em conta o desenvolvimento neurológico no campo do autismo, apresentando os resultados científicos e as experiências clínicas que apontam na direção de uma nova maneira de lidar com esta problemática.

               O autismo é um transtorno complexo, o mais amplo a acometer o desenvolvimento infantil, com causas múltiplas que parecem derivar de uma combinação de fatores genéticos e fatores ambientais. Assim também deve ser o olhar para as possibilidades de intervenção, cada vez mais complexas e integrativas.

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* CAMILLA MAZETTO é neuropsicóloga do Cari - Psicologia e Educação e Centro Pró-Autista . Doutoranda pela Universidade de São Paulo e Universidade Paris Descartes.
    MARIA CLARA NASSIF é psicóloga do Cari - Psicologia e Educação e Centro Pró-Autista.
   WANDERLEY M. DOMINGUES é médico psiquiatra e neurologista do
Centro Pró-Autista.


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Saiba sobre o Fórum Internacional " A Descoberta do Autismo"