X Jornada CELPCYRO

img banner

Informe CELPCYRO

Cadastre-se e receba nosso INFORME
Nome
E-mail*
Área de Atuação

Redes Sociais

  • Twitter
  • Windows Live
  • Facebook
  • MySpace
  • deli.cio.us
  • Digg
  • Yahoo! Bookmarks



Fotografia e o selfie além do óbvio  E-mail
ERA DIGITAL

                                                                                                                                                                                    Maria Helena Martins

                 

                 

                     Fernanda de Barros CArvalho   

Foto de autoria de  Fernanda de Barros Carvalho

 

 

A tecnologia digital não só revolucionou os recursos para o conhecimento científico como propiciou diversificação das manifestações artísticas. E tem sido um fator decisivo de interação das pessoas, especialmente de jovens, instaurando definitivamente o intercâmbio, o diálogo online, o compartilhamento de ideias e divulgação de acontecimentos, ainda que, não raro, perpassados de discursos vazios e inúmeras fotos convencionais. Aliás, a fotografia se banalizou - poderia dizer democratizou, mas enfatizo aqui o lado negativo do fenômeno - pelas mãos e no olhar de quem tenha um celular, via selfie, alimentando fartamente o narcisismo online.

  

Em contrapartida, a fotografia com caráter estético vai sendo enriquecida pelos artistas buscando transpassar o óbvio (cf. foto acima). Assim também ela vem dialogando com outras linguagens e surpreendendo seus apreciadores, resgatando aspectos das artes plásticas pregressas, explorando recursos que a tecnologia digital disponibiliza. Longe está da imagem fotográfica como registro fiel da realidade objetiva. Antes, diluindo essa possibilidade, a imagem se torna mote de algo além dela e/ou em seus subterrâneos.  A sugestão supera a informação e a fotografia se apresenta ao apreciador como um punhado de possibilidades significativas, disseminadora de incógnitas, exigindo uma leitura participativa e reflexiva, distante da gratuidade. Vejo assim a foto de Fernanda de Barros Carvalho (acima)  .

 

Essa nova fotografia - nova porque passa a ser mais valorizada por artistas e críticos  -, à revelia do que se pode constatar cotidianamente nas redes sociais, evidencia transformações que se processam na interação de expressões artísticas e manifestações culturais favorecidas pela tecnologia. Estaria esse fenômeno promovendo literalmente novas visões de mundo, se refletindo nas exigências de mudanças sociais e políticas, requerendo um compromisso de renovação?  

  

Até há bem pouco tempo, mesmo diante de obras abstratas, o apreciador desses trabalhos pensava as artes visuais em geral como realizações em


que formas, linhas e cores compunham o panorama pictórico básico  a ser considerado. A fotografia, quanto mais informativa seria melhor, dentro


de padrões estéticos definidos. No decorrer do século xx, os parâmetros das artes em geral foram gradativamente abalados pela noção de


"ambiguidade poética". Artistas e apreciadores da arte se percebem, então, desamparados ou libertos, dependendo da visão de mundo que tenham


para criar e ler.



O inefável

                                                                          Sacramento

 

Acima temos uma foto de autoria de Sérgio de Paula Ramos - médico psiquiatra e psicanalista;  fotógrafo com sensibilidade e domínio técnico extras.    Calle de los  Suspiros, em Colonia del Sacramento. Assim o autor a intitula e informa:

Colonia del Sacramento até hoje guarda marcas profundas de sua  história na arquitetura que ostenta. Casarios coloniais portugueses  (seus fundadores) se misturam com os hispânicos, algo mais recentes. É  uma graça de cidade, recomendada para um feriadão a ser curtido nela,  ou num bate-e-volta desde Buenos Aires. Esta foto feita no inverno de  2014, às 5:30 da manhã. Única hora que não apresenta-se entupida de  turistas.


 Na fotografia artística, como essa, os aspectos mais presentes nas fotos convencionais  vão dando lugar ao jogo de luz e sombra, ora  diluindo

contornos da figura  e de cenários/horizontes emergindo da revelação para o papel em perspectivas inusitadas. A figura surge registrada quase como

alusão e/ou ilusão, quase uma transgressão produzida pelo olhar do fotógrafo, com a utilização e exploração de seu equipamento e daquilo/de

quem é fotografado, tudo resultando numa surpresa ( até para o artista), algo intencionalmente provocado,quase onírico, quase o oposto do que

antes mais se valorizava - o aspecto documental da foto.  Aliás, quanto à realidade do que foi fotografado, o autor revela mesmo inefável


 O apreciador/leitor contemporâneo e atento perceberá, na fotografia, um processo de busca de um ângulo e de uma luz inusitados, explorando

sutilezas da paleta do preto ao branco banhados em cores sutis. E o instantâneo, que em suas origens históricas parecia trazer a possibilidade de captar e congelar um momento da realidade objetiva, vai eternizando o aqui-e-agora em múltiplas possibilidades de leitura. Assim, esse instantâneo pode durar um momento delimitado em sua execução e, no entanto, permanecer, indo além do tempo mensurável (configurando a durée, de Bergson), intensificando a noção de que a obra pode se apresentar pronta,  acabada para seu autor, mas abrindo-se em leque, disponível para todo e qualquer um que se proponha a apreciá-la, mesclando suas vivências e conhecimentos prévios, suas conjecturas, tanto quanto seu espontâneo gostar ou não do que vê.

 

 Exemplo consistente de realizações inovadoras provocadas pela tecnologia e os desafios crescentes de nosso tempo, encontra-se no projeto Transnational


Dialogues, que em 2014 foi desenvolvido por artistas e intelectuais da China, Europa e Brasil. Entre eles está Fernanda de Barros Carvalho, artista


visual e editora paulistana, uma das fundadoras da nossa seção Era Digital

 

 

 

 

                                                    -------------------

 

Depoimento de Fernanda de Barros Carvalho

 

Iniciado em 2011 pela European Alternatives–  o projeto Transnational Dialogues é uma plataforma aberta e em andamento de gerenciamento e criação para projetos artísticos e culturais com foco em novas geografias decorrentes da globalização e da emergência de um mundo multipolar e artístico.

 

Transnational Dialogues facilita o encontro de artistas, criativos, profissionais, intelectuais e escritores de diferentes continentes para uma série de intercâmbios e coproduções, em forma física e virtual. Sua plataforma promove o compartilhamento de informações, a criação de uma rede e a colaboração conceitual entre indivíduos e organizações que trabalham em uma variedade de disciplinas, em escala transnacional, e oferece um trampolim para colaborações e iniciativas futuras.

 

Com o título “ChangeUtopia!”, em 2014, o projeto conduziu uma colaboração entre jovens criativos da China, Europa e Brasil para refletir sobre a falha dos modelos econômicos e sociais existentes nessas três regiões, além do papel dos artistas, da produção cultural e de seus gestos em direção a alternativas futuras. A pesquisa toma forma em um processo (um ano de duração) de produção em rede. Uma troca entre muitas camadas, produção colaborativa virtual, encontros, seminários (com dirigentes de instituições, espaços independentes, pensadores, organizações) e, também, caravanas (caminhadas por espaços urbanos em transformação).

 

 

Durante o ano passado (2014) fiz parte de um grupo de pesquisa sobre caminhos e possibilidades da arte nos países emergentes, Brasil e China. Apresento Transnational Dialogues como


projeto que, ao longo dos anos de pesquisa, vem sendo produzido em formato impresso e também digital. Afinal, é um projeto de plataforma virtual rica em conteúdo. Acesse: 

-                  TD journal 2012, 2013 - http://www.transnationaldialogues.eu//www-root/transnationaldialogues.eu/wp-content/files//2013/04/Transnational-Dialogues-Journal_WEB.pdf

                               TD Journal 2014 - http://issuu.com/euroalter/docs/td-issuu-web/1?e=1106430/10132447

 

 A partir dessas vivências foram organizados dois eventos de fechamento, um no MAXXI Museum, de Roma, e o outro no Kreuzberg Pavillon, em Berlim, em que aconteceram apresentações, talks, performances e instalações. Além disso, ao longo da pesquisa foram produzidos conteúdos para o site Transnational Dialogues e uma publicação, nos formatos impresso e pdf , o TD Journal 2014 .

 

 Durante este projeto iniciei um trabalho que sugere a discussão sobre reflexos de um modernismo utópico. Trago imagens da arquitetura de Niemeyer ( cf 3 fotos pb abaixo) e desenvolvo possibilidades com suas formas e composições, alternativas e pensamentos: 

What was expected from the future? What do we expect?O que esperávamos do futuro? O que esperamos?”

 

 Aprecie o desenvolvimento do trabalho, a partir de foto convencional do Ed. COPAN (autor desconhecido):www.fecarvalho27.tumblr.com. Veja também animação: https://vimeo.com/104210766

 

Ed. COPAN

 

  Copan1 FC


Copan2FC


copanPad3

 

                                                                                                                =====================