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Maria Helena Martins -  Essa foto - "25 de Março" - foi a primeira que realizaste "rompendo com os limites do quadro fotográfico"? Foi intencional ou ocorreu, digamos, por acaso? Que relação temporal tem ela com a "Rua 25 de Março"?

Paulo D'Alessandro-  Não foi a primeira, é a continuidade da pesquisa metalinguística

que desenvolvo desde 1995. Aliás, observe-se que a foto "Rua 25 de março" não é minha. O que há entre um fotograma meu e outro, em

paralelo com o que há entre uma divisória de espaço e outra( muro, parede,

rua, quarto, casa, predio etc) é a existência de uma justaposição parcial

entre um fotograma e outro fazendo com que o produto final tenha uma

uninade, como um todo, e um fotograma leva um pouco da memória do outro

e se constrói uma arquitetura da fotografia. Desde o início do

trabalho sempre fotografo lugares históricos que são ou vão ser. Neste

trabalho da 25 de março a fotografia foi feita dia 24/12/2005, quando passaram

por lá mais de um milhão de pessoas: NATAL.

MHM -  Se o apreciador de fotografia tem bom humor, talvez olhe para aquela "25 de Março" e sorria - estaria diante de uma brincadeira do autor? Que achas disso?

PD'A - Sim, não exatamente  uma brincadeira,  um pouco além de humor.

Talvez ironia ou para onde vou ?

MHM - De certa forma, essa foto é paradoxal: utilizas recursos convencionais que resultam em obra inusitada, levando a pensar em inspiração/realização sob  forte influência dos avanços tecnológicos de hoje. Isso seria proposital?

PD'A - Não intencionalmente, mas sou analógico e nesse trabalho a linguagem foi desenvolvida a fundo por mim e se alguém conseguir fazer igual, com o digital, pode ser, mas aí praticamente tudo é programado, "uma combinação matemática", como diria Ana Tereza Fabris. Acho que o tempo histórico da fotografia passou tão rápido que ficaram pra traz muitas coisas dela analógica a descobrir.

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