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E a Psiquiatria necessita da Ciência? E-mail
Saúde Mental - Artigos

Wanderley Manoel Domingues *

 

Aqui vão alguns apontamentos a respeito do artigo “Does Psychiatry need Science?”, postado no New Yorker, 24/04/13, por Gary Greenberg.

O autor descreve a preocupação de vários médicos psiquiatras ao longo dos séculos 19 e 20 com a evolução tecnológica-laboratorial da Medicina Geral em comparação com a Psiquiatria e seu descompasso com a referida evolução.

 

Além da ausência de marcadores biológicos dos transtornos mentais é citada a carência de um sistema nosológico ou taxionômico para a caracterização e catalogação dos problemas da mente no passado, dada a complexidade da organização e funcionamento do cérebro, o que levou vários psiquiatras do passado a se basear apenas na fenomenologia das “insanidades” como referências para a catalogação das mesmas.

 

Enquanto transcorria o século passado, muitas especialidades da medicina se aproveitavam da sintomatologia para investigar as evidências causais dos nossos sofrimentos físicos, podendo determinar, por exames sanguíneos, se uma vermelhidão na pele era decorrente de uma intoxicação por uma determinada planta ou pela sífilis ou se uma tosse era sintoma de uma gripe ou de um câncer pulmonar. Essa era a expectativa em geral para um conforto e a segurança de um melhor tratamento. Ao lado disso, a Psiquiatria não conseguia atender essas expectativas.

 

Em 1980, a APA (American Psychiatric Association) criou o DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), que no lugar de se ocupar com as possíveis causas bioquímicas dos transtornos, se ocupou em organizar os grupos de sintomas apresentados pelos pacientes e sistematizá-los em categorias nosológicas, porém ainda de maneira não totalmente satisfatória para estabelecer a credibilidade profissional na especialidade.

 

As discussões recentes quando da organização do último DSM-V, a ser publicado ainda neste ano, levou a questionamentos a respeito de alterações mentais como a Melancolia, se não seria ela mesma uma forma distinta de depressão do humor, com características diferenciadas e com alterações comprovadas na polissonografia, com aumento do tempo de duração do sono REM e com as alterações sanguíneas demonstradas elo teste da supressão com a dexametasona.

 

 

Em resumo, levando-se em conta os argumentos do autor, podemos concordar que, até que venhamos a ter um melhor conhecimento da neurobiologia dos Transtornos Mentais, teremos que nos apoiar na fenomenologia dos mesmos, o que já foi um grande avanço, porém ainda carente de uma compreensão plenamente satisfatória.

 

 * Médico Psiquiatra, Neurologista  e Psicanalista