Era Digital -Entrevista com Plínio Camillo | | Imprimir | |
Plínio Camillo, autor de O Namorado do Papai Ronca é entrevistado por Fernanda Carvalho e Renata Nascimento ( via e-mail a 27set 2012)
Fernanda Carvalho Plínio Camillo
Renata Nascimento
1) O que veio primeiro, o título ou a história? Procurava um título (a princípio era para ser um roteiro de filme) que pudesse definir o personagem principal e o seu ponto de vista. “O namorado do papai ronca” foi um achado!! Pois definia o personagem principal: um pré-adolescente ou criança (a gente quando cresce deixa de chamar “papai” para somente chamar pai ou coisa pior) que está incomodado com o ronco (Há incômodo maior do que o ronco?) do namorado do pai. Além de afirmar que o casal dorme junto e na mesma casa que o filho ou filha (querendo dizer que o filho sabe a situação sexual do pai) e convive bem com isto. Além de ser também uma indício, uma pequena ponta de ciúmes (a velha implicância) com o parceiro do pai. 2) Conte como foi seu processo para criar esse livro? Definido o personagem principal, um menino de 12 anos, e os personagens de apoio e o tipo de narrador (primeira pessoa do presente do indicativo). Queria limitar um espaço geográfico (escolhi uma cidade pequena do interior de São Paulo) e o espaço de tempo (seis meses enquanto a mãe faz um curso no exterior). Escolhi que cada capítulo abrangeria quinze dias e poderiam tratar: da relação Dante e a escola, Dante e a Mãe (conversando pelo skype) e Dante e o pai. Escrevi um resumo, planta baixa de cada capítulo, com cada assunto que seria tratado. Respirei e fui escrever. Certo que isto serviu para saber por onde eu ia e quanto me distanciava do caminho ou quando descobria novos caminhos. Depois do primeiro tratamento, reescrevi tudo. Limpando e tirando as gorduras. Foi neste momento que me atentei para o modo de falar dos personagens e do narrador (que não é o Dante, mas esta colado nele) Através do narrador somente vemos o que Dante vê. Sabemos o que Dante sabe e , em alguns momentos , sabemos o que o Dante pensa.
3) Você vem da dramaturgia e do teatro. Isso facilita ou complica o seu trabalho na hora de construir a narrativa? Facilitou muito, porém o que deu o tom foi eu “ouvir” a minha filha de quatorze para quinze anos. Tentava imitar o tom dela. E até reescrevi alguns fatos pitorescos que vivi com ela.
4) Qual foi a tua intenção ao contar essa história? A quem ela se dirige? Foi apenas contar uma história por um ponto de vista pouco usual. Escrevi pensando em pessoas que gostam de ler. Em pessoa que se predispõe a pensar. Sim, está em uma linguagem mais acessível, quase infanto-juvenil, mas não é somente para eles (Nunca gostei dos livros: tesouro para a juventude que tinham sempre uma lição de moral no final). Trabalho para que todos possam ler. Pensar e se divertir.
5) Como você se sentiu ao ser contemplado com esse prêmio voltado para autores de primeira obra? Foi muito bom!!! Imagine: escrevi o livro em um surto de quatro meses. Escrevi do jeito que queria e no tempo que queria. Enviei apenas três capítulos para a aprovação. E com isto alguém ou um grupo de pessoas, por mim desconhecidas, aprovaram!!! Percebi que o que eu tinha produzido possuía um valor. Fiquei orgulhoso. Fiquei contente e fiquei comprometido. Tentei fazer o melhor livro possível. Pois além de ser um prêmio. Era um prêmio com o dinheiro público. 6)O que diria sobre o posicionamento da geração de Dante (um pré-adolescente/adolescente)em relação ao homosexualismo? Para eles é muito mais familiar.Muito mais inserido na rotina. Porém podem manifestar toda ordem de preconceitos e aversões.Creio que irá depender das oportunidades de interação que os pais e /ou os responsáveis promovem. Das oportunidades de discussão e entendimentos que participem.Das influências que recebem e que aceitam. 7) Tem novos projetos? Quais? Alguns. Um livro de conto, um romance policial e um roteiro para o cinema. ----------------- * O Namorado do Papai Ronca. Plínio Camillo. São Paulo, Prólogo Selo Editorial, 2012. Loja Prólogo on line: http://www.prologoloja.com.br/ Leia Resenhas sobre essa obra Fernanda Carvalho e Renata Nascimento ( via e-mail em 27set 2012)
1) O que veio primeiro, o título ou a história? Procurava um título (a princípio era para ser um roteiro de filme) que pudesse definir o personagem principal e o seu ponto de vista. “O namorado do papai ronca” foi um achado!! Pois definia o personagem principal: um pré-adolescente ou criança (a gente quando cresce deixa de chamar “papai” para somente chamar pai ou coisa pior) que está incomodado com o ronco (Há incômodo maior do que o ronco?) do namorado do pai. Além de afirmar que o casal dorme junto e na mesma casa que o filho ou filha (querendo dizer que o filho sabe a situação sexual do pai) e convive bem com isto. Além de ser também uma indício, uma pequena ponta de ciúmes (a velha implicância) com o parceiro do pai. 2) Conte como foi seu processo para criar esse livro? Definido o personagem principal, um menino de 12 anos, e os personagens de apoio e o tipo de narrador (primeira pessoa do presente do indicativo). Queria limitar um espaço geográfico (escolhi uma cidade pequena do interior de São Paulo) e o espaço de tempo (seis meses enquanto a mãe faz um curso no exterior). Escolhi que cada capítulo abrangeria quinze dias e poderiam tratar: da relação Dante e a escola, Dante e a Mãe (conversando pelo skype) e Dante e o pai. Escrevi um resumo, planta baixa de cada capítulo, com cada assunto que seria tratado. Respirei e fui escrever. Certo que isto serviu para saber por onde eu ia e quanto me distanciava do caminho ou quando descobria novos caminhos. Depois do primeiro tratamento, reescrevi tudo. Limpando e tirando as gorduras. Foi neste momento que me atentei para o modo de falar dos personagens e do narrador (que não é o Dante, mas esta colado nele) Através do narrador somente vemos o que Dante vê. Sabemos o que Dante sabe e , em alguns momentos , sabemos o que o Dante pensa.
3) Você vem da dramaturgia e do teatro. Isso facilita ou complica o seu trabalho na hora de construir a narrativa? Facilitou muito, porém o que deu o tom foi eu “ouvir” a minha filha de quatorze para quinze anos. Tentava imitar o tom dela. E até reescrevi alguns fatos pitorescos que vivi com ela.
4) Qual foi a tua intenção ao contar essa história? A quem ela se dirige? Foi apenas contar uma história por um ponto de vista pouco usual. Escrevi pensando em pessoas que gostam de ler. Em pessoa que se predispõe a pensar. Sim, está em uma linguagem mais acessível, quase infanto-juvenil, mas não é somente para eles (Nunca gostei dos livros: tesouro para a juventude que tinham sempre uma lição de moral no final). Trabalho para que todos possam ler. Pensar e se divertir.
5) Como você se sentiu ao ser contemplado com esse prêmio voltado para autores de primeira obra? Foi muito bom!!! Imagine: escrevi o livro em um surto de quatro meses. Escrevi do jeito que queria e no tempo que queria. Enviei apenas três capítulos para a aprovação. E com isto alguém ou um grupo de pessoas, por mim desconhecidas, aprovaram!!! Percebi que o que eu tinha produzido possuía um valor. Fiquei orgulhoso. Fiquei contente e fiquei comprometido. Tentei fazer o melhor livro possível. Pois além de ser um prêmio. Era um prêmio com o dinheiro público. 6)O que diria sobre o posicionamento da geração de Dante (um pré-adolescente/adolescente)em relação ao homosexualismo? Para eles é muito mais familiar.Muito mais inserido na rotina. Porém podem manifestar toda ordem de preconceitos e aversões.Creio que irá depender das oportunidades de interação que os pais e /ou os responsáveis promovem. Das oportunidades de discussão e entendimentos que participem.Das influências que recebem e que aceitam. 7) Tem novos projetos? Quais? Alguns. Um livro de conto, um romance policial e um roteiro para o cinema. ----------------- * O Namorado do Papai Ronca. Plínio Camillo. São Paulo, Prólogo Selo Editorial, 2012. Loja Prólogo on line: http://www.prologoloja.com.br/ Leia Resenhas sobre essa obra |