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Personagens e Personalidades - fazendo a história  E-mail
Fortuna Crítica - Artigos

 

                                                                                                       José Onofre *

 

A História do Rio Grande do Sul tem personalidades reais que ficariam bem em romances e personagens imaginários que poderiam perfeitamente fazer parte dessa História. Honoré de Balzac, no seu longo comentário sobre A Cartuxa de Parma, de Stendhal, dizia que "a História é o romance das decisões raras", abrindo possibilidades para uma combinação que foi pouco seguida por escritores de primeira linha. O romance histórico virou atividade de escritores menos dotados, com a exceção de Gore Vidal e seus seis livros sobre a formação da república norte-americana (Burr, Lincoln, 1876, Império, Hollywood, Washinton D.C.). Assim, o romance não se torna história das decisões raras e volta-se quase que inteiramente às aventuras de uma pessoa comum, num dia comum de sua vida comum. Uma vez que o cotidiano da ordem - e a infelicidade que ele abriga e estimula - se torna o componente básico da ficção contemporânea, são as peripécias da linguagem e as virtudes do estilo, no limitado circuito da literatura de primeira classe, que tem a tarefa de compensar o tédio.

O romance histórico clássico lida com os tempos fortes, com a exuberância dos gestos e as palavras têm o vigor dos choques das armas. Foi assim com Os Varões Assinalados, de Tabajara Ruas, cujos personagens são as personalidades reais que fizeram a Guerra dos Farrapos. Numa outra formulação, as personalidades e os eventos da vida política servem como cenário por onde se movimenta o personagem que é o centro da ação. É o que faz Cyro Martins em Gaúchos no Obelisco (Movimento, 1984), onde combina o romance histórico com o romance de formação, a Revolução de 30 com a história pessoal de João Silveira, um rapaz comum, morador de Quaraí, que acaba oficial no estado-maior de Flores da Cunha. Cyro tempera tudo com a ironia e a compaixão que caracterizam boa parte de sua obra. João Silveira, o "Joãozinho" , é um dos tantos jovens sem importância e futuro de uma cidade da fronteira. Mas ao contrário dos inúmeros jovens como ele, que arranjavam um achego com algum político e depois ficavam vagabundeando pelas ruas, buscando algum desocupado como ele para jogar conversa fora, beber ou jogar, ele percebia que não tinha presente e nem futuro. Seu destino só poderia ser a capital. Acreditava que em Porto Alegre descobriria alguma aplicação para sua absoluta incapacidade . Logo verá que é um bafejado pela sorte e rapidamente desenvolverá as virtudes que lhe permitirão aproveitar as oportunidades que lhe trarão a fortuna. Esta está concentrada nos eventos de 30 e dos anos seguintes, até o exílio de Flores da Cunha no Uruguai. Esse pedaço da história, entre 1929 e 1937 serviram para Cyro escrever um de seus melhores romances, onde o lirismo e o humor se ajustam para apresentar o clima de uma época que mudou todo o país. E, claro, a vida de João Silveira.

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* José Onofre - Jornalista , crítico de cinema e de literatura

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Leia fragmento do romance de Cyro Martins. Gaúchos no Obelisco.