Encontro sobre a Mulher na Sociedade Atual |
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... ao longo da história, notadamente nos últimos cem anos, a mulher mantém uma atitude ambivalente ante seu ideal de emancipação social. Penso que essa ambivalência se deve a dois fatores importantes: a idealização da mulher por parte do homem e a mitificação masculina, própria da fantasia feminina. E por isso só uma minoria tem conseguido realizar-se totalmente, na esfera da feminilidade e na área sócio-cultural. Isso depende, em grande parte, do preconceito ainda reinante de que existe uma incompatibilidade entre a cidadã e a mãe de família. Tais idéias e sentimentos são frutos de concepções e influências masculinas. Penso pois que a mulher na sociedade atual necessita vencer essa dicotomia psicológica, através do conhecimento aprofundado de si mesma, afim de atingir a tranqüilidade indispensável para ser boa mãe e profissional eficiente. (Cyro Martins. IN: A Mulher na Sociedade Atual.
Penso que essa ambivalência se deve a fatores importantes como a tendência à submissâo da mulher, não raro confundida por ela como necessidade de proteção/provisão, algo convenientemente cultivado pelo homem, bem como a idealização da mulher frente à figura masculina, como sendo superior intelectualmente. Esse quadro reducionista da relação homem-mulher, atravessou séculos com sutis modificações. Muito em função disso só no século XX as mulheres começaram a perceber plenamente suas capacidades, se realizar na esfera da feminilidade, na área sócio-cultural. Isso dependeu, em grande parte, da superação do preconceito básico, que ainda reina em sociedades de países mais precários econômica e politicamente, onde existe incompatibilidade entre a cidadã e a mãe de família, ideias e sentimentos frutos de concepções e influências masculinas retrógradas. Penso pois que a mulher na sociedade atual, que conquistou seu livre pensar e agir, tem também o compromisso de expandir sua visão de mundo e atuação, interagindo e atingindo o maior número possível de interlocutores para que essa concepção tenha fim. Cada vez mais se apresentam à mulher exigências que, acima de assinalar a importância de harmonizar a função materna com a atividade profissional, requerem sua atuação no círculo da sociedade, exercendo sua cidadania plena. Não necessariamente por meio de militância pró causas político-ideológicas, pedagógicas, ambientalistas; por realização de obras grandiosas, demonstração de conhecimentos extraordinários. Mas pela consciência de que seu estar no mundo implica compromisso consigo e com quem a cerca. Compromisso no sentido de buscar uma existência e convivências significativas, que façam sentido para si e para acrescentar algo ao cotidiano, sacudindo a mediania da vida que tende a tomar conta das pessoas e/ou contribuindo para alguma transformação possível em cenários saturados. Assim, acima das competições com os homens ou com outras mulheres, cada uma de nós precisa fazer o exercício diário ( e não raro penoso) de saber de si e dar conta de seus embates consigo própria, a fim de se expor e impor sua presença. Sem alarde, mas deixando marcas. Por mais discretas que sejam, que sejam das marcas que ficam para uns tantos ou para uns poucos que por elas passem... O I Encontro sobre a Mulher na Sociedade Atual, que o Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins realiza, tem essas considerações no horizonte e convida o público participante a refletir e discutir a respeito com as palestrantes convidadas, cujos recados, certamente, vão suscitar variadíssimas sensações, emoções e ideias.
Maria Helena Martins Coordenadora do evento Diretora-Presidente do CELP Cyro Martins
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