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Fronteiras Culturais (Brasil - Uruguai- Argentina)  E-mail
Fronteiras Culturais - Artigos

                                        José Onofre *

A globalização não é apenas uma idéia, tampouco chega a ser um fato: é um trabalho em andamento. A unificação do mundo parece uma questão contemporânea, mas somente sua versão tem atualidade. Trata-se de um novo arranjo para uma velha canção.

A primeira ameba a sair do mar para a terra realizava dois movimentos simultâneos: deixava seu ambiente ecológico e buscava um novo espaço para tocar a vida. Era uma fuga e uma invasão. Werner Von Braun comparou a chegada do primeiro homem à Lua a uma inquieta ameba chegando à Terra. Essa é a base essencial da evolução. Por acaso ou predestinação, a ameba está na origem de todo o deslocamento humano e animal, por fuga de uma situação perigosa ou necessidade de expansão. O astronauta Neil Armb repetiria a façanha milhões de anos depois. A ameba desenvolveu pernas, domou o cavalo, inventou o transporte e foi até a Lua; formou família, horda, tribo, finalmente chegou à Nação e ao Estado, que nem sempre andam juntos. Estado e Nação significam um território próprio e, conseqüentemente, fronteiras. E exatamente é de fronteiras que trata a globalização. Abolir as fronteiras para o comércio internacional já seria uma tarefa de difícil execução num terreno de economias desiguais, subsídios e protecionismo. Mas o problema não é apenas econômico. Ele tem desdobramentos culturais, coloca a questão das identidades nacionais diante de uma cultura central que será muito mais hegemônica quando caírem as barreiras. Trata-se de saber se a globalização se dará sem afetar as peculiaridades e o caráter de um país ou será exatamente ao contrário, se realizará pela padronização e pela cultura hegemônica, causando importantes modificações nas culturas locais. Discutir isso desde agora é extremamente necessário, porque a globalização, com este nome ou outro, veio para ficar. Agora é preciso preservar mais que florestas e espécies animais em extinção. É preciso preservar a própria identidade de um país e de uma região.


Fronteiras Culturais (Brasil- Uruguai- Argentina) consiste num passo marcante para enfrentar uma questão que, na realidade, afeta outros países e outros continentes. O livro reúne trabalhos de especialistas em várias áreas de atuação intelectual que participaram do 1o. Encontro Fronteiras Culturais (Brasil - Uruguai - Argentina). O evento foi realizado pelo Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins, na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, nos dias 12,13 e 14 de dezembro de 2000, com participantes vindos da Europa, dos Estados Unidos, da Argentina, do Uruguai, de outros estados brasileiros e do interior do Rio Grande do Sul. Em conferências, mesas-redondas e debates foram examinadas relações entre os três países, suas culturas, interesses comuns e diferenças, em diversos aspectos: história, literatura, psicanálise, sociedade, relações campo e cidade, futebol, Mercosul comunicações e tantas outras. Dividido em duas partes, com nove assuntos e vinte e um textos, o livro é a primeira abordagem ampla sobre fronteiras culturais envolvendo os três países e abre um debate de idéias até então insuladas em tentativas individuais. O resultado final é um entrecruzamento de proposições e enfoques que recolocam questões de extremo interesse, mais agora do que nunca, aos três países lindeiros. É um gesto que o Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins, apoiado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, faz em direção a seus vizinhos para que não seja mais apenas pelo folclore comum que se mantenham laços entre Brasil, Uruguai e Argentina.
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*José Onofre é Jornalista e crítico literário e de cinema