Os herdeiros do escritor Cyro Martins formalizaram no dia 1º de março a cessão dos direitos autorais do livro Porteira Fechada ao cineasta gaúcho Guilherme Castro, que começa agora o projeto do longa metragem baseado no romance. "Para nós, é uma alegria. Principalmente porque a iniciativa parte de um jovem e talentoso cineasta que já mostrou, com Terra Prometida (seu curta várias vezes premiado) que tem pique e sensibilidade para encarar um texto como o de Porteira Fechada: denso, tenso, sem margens para devaneios e extremamente humano", diz Maria Helena Martins, filha do escritor e diretora-presidente do Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins (CelpCyro). "É uma coincidência feliz que a proposta de filmagem de Porteira Fechada ocorra quando nos preparamos para comemorar o  centenário de nascimento de Cyro Martins".

Guilherme Castro confia no resultado do trabalho. "Vai ser um filme forte, realista", disse ele, que  se considera honrado em receber os direitos de adaptação da obra de Cyro Martins. "Ele foi o primeiro escritor gaúcho que olhou e entendeu o campo. Mas, além desta percepção da realidade, o livro tem personagens densos e situações de impacto, muito adequados à transposição para o cinema", diz o diretor. A história se passa no interior gaúcho, nos anos 30 do século passado, e narra a trajetória da família de João Guedes. Forçados a deixar o campo onde viviam, os Guedes mudam-se para a periferia da cidade. Camponeses simples, não se adaptam à vida de crescente pobreza e decadência a que são empurrados. Porteira Fechada é o segundo romance da "trilogia do gaúcho a pé", da qual fazem parte Sem Rumo e Estrada Nova.

Formado em Jornalismo e Direito pela Ufrgs, Castro atua há cerca de 20 anos na criação, roteiro, direção e edição de cinema, vídeo e programas de televisão. É professor de cinema da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e tem filmes premiados, como o curta Terra Prometida (três Kikitos no último festival de Gramado, em exibição agora na Espanha e nos Estados Unidos). Já tem argumento e roteiro prontos e passa agora a captar recursos para a produção. Atores e locais de filmagens ainda não estão definidos. "Mas a idéia é que o projeto se viabilize o mais rápido possível".

Apresentando seu projeto e algumas imagens do storyboard (a história contada em seqüência de desenhos com indicação e orientações de enquadramentos para a equipe operacional), diz Guilherme Castro, que também inicia a captação de recursos para a execução do filme.

Veja as ilustrações