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Mini entrevista de Nádia Tobias de Souza Seara  E-mail
Fronteiras Culturais - Outras Fronteiras

nadia 

 

Maria Helena Martins - O que teria levado a Brincadeira do Boi BUMBÁ a assumir dimensão/característica assemelhada aos desfiles das Escolas de Samba do Rio e São Paulo? (cf. http://boibumba.com/index_pt.htm)

Nádia Tobias - No desenrolar da pesquisa de campo fui informada de que:

Certo “tarefeiro” saiu do Amazonas e foi trabalhar nos barracões das escolas de samba do RJ. Depois de um longo período ele retorna à Ilha Tupinambarana. Ao retomar o seu trabalho de “tarefeiro”, introduziu na essência do boi-bumbá de sua devoção os elementos carnavalescos. Inicialmente a novidade agradou, mas dividiu opiniões. Aos poucos a novidade tomou conta dos “tarefeiros” dos dois bois. O “novo” boi-bumbá ganhou brilho, requinte e atraiu os interesses das mídias. A meu ver foi neste exato ponto que o boi-bumbá perdeu suas características originais para tentar “agradar” um público externo e exigente – além das nossas fronteiras. As toadas seguiram caminho semelhante, vieram outros ritmos e desatenção. Há pessoas envolvidas com os bois que se mostram preocupadas como esse tipo de “copia” e “cola” destoando das origens primeiras. 

Outro fator decisivo foi o interesse da mídia em querer transmitir para o mundo um espetáculo grandioso tanto quanto o carnaval. Há um pesquisador em Manaus que estudou essa questão e deixou claro que foi o preço pago pelo Festival de Folclore para ultrapassar fronteiras e alcançar outros continentes.

 

MHM -  Em que medida essa transformação teria alterado a brincadeira tal como é registrada nas tuas fotos?

N T -Na medida em que se cria uma linha tênue com o descaso com a cultura local. A meu ver essa transformação abriu espaço para a usurpação de valores, pois onde o dinheiro sobeja, sobejam também problemas de ordem político-administrativa.

 

MHM -  Teu trabalho quer resgatar as origens e manter a brincadeira  sem a influência do Festival com ares "Globais" , melhor, com um espetáculo televisivo?  Por quê?

N T - Sem a influência do Festival com ares “Globais”, penso que é impossível. Apenas gostaria de chamar a atenção para o descompromisso com a cultura material e imaterial. Quero acreditar que seja por desinformação quanto ao valor cultural que temos e herdamos dos nossos antepassados. Acho importante que a juventude tão bem informada dos tempos atuais use esse corolário de informações e ressignifique a tradição sem perder de vista suas raízes. Unindo tradição, modernidade a tanta diversidade.

 

OBS.: essas questões são também pretexto para ampliar a noção de fronteiras culturais hoje, não só sob o ponto de vista geopolítico e folclórico, mas como efeito, simultaneamente, globalizador (como ampliador de horizontes) e de reconhecimento das manifestações originais e típicas de regiões e/ou, países,  agregadoras de valor para as populações locais. (MHM)                                 

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