É sabido: todo e qualquer livro, depois de publicado, foge ao controle do autor. Assume sua própria identidade, traça seus caminhos. A quem o escreveu, resta aguardar o julgamento, a crítica ou o aplauso do leitor.
Tínhamos consciência, Núbia Silveira e eu, de ter feito o possível para retratar Cyro Martins tal qual ele o foi. Como está no título: o homem e seus paradoxos. Existia, confessemos, algum temor, por termos mexido em dramas pessoais nunca conhecidos de alguns de seus amigos mais íntimos.
A partir daí, no entanto, foram chegando mensagens estimulantes. A primeira, no dia posterior ao lançamento, foi de Abrão Slavutzky, autor de um livro de memórias com depoimentos de Cyro: "Ontem fui dormir à meia noite, pois não pude parar de ler o livro até o fim. Tanta coisa para conversar, mas quero antes de mais nada dizer o mais importante: missão cumprida e muito bem cumprida."

Logo chegou a mensagem do Carlos Fernando Karnas, jornalista radicado em São Paulo: "A qualidade do conjunto desta obra é surpreendente: texto, organização, conteúdo, editoração, volume informativo, referências, tudo."

As mensagens vieram de todos os lugares. Clóvis Heberle, grande profissional do jornalismo, mandou dizer de Campeche, Santa Catarina: "acabei de ler o livro de vocês sobre Cyro Martins. Li sem pressa, saboreando duas ou três páginas por dia. E gostei... Mas me impressionou (muito) a abrangência da pesquisa, que me permitiu, pouco a pouco, montar a história da infância, a juventude, a maturidade e o ocaso da sua vida. E que vida... Foi também uma aula da história do Rio Grande, sobre a qual eu tão pouco aprendi na escola...Parabéns a vocês pela obra. Orgulhem-se dela."

Já o indefectível Otálio Camargo, também experimentado jornalista, não concorda. Queria uma "pesquisa mais ampla". Diz que "apesar de conter novas revelações, ficou a sensação de que a vida do escritor gaúcho ainda não foi devidamente aprofundada".

Um casal de amigos queridos, Flávia Boni e Enéas de Souza, manda dizer que fizeram "um brinde de rouge" por nós em Paris.

Agora, recebo a mensagem de Roberto Bittencourt Martins, psicanalista e literato, autor de um dos melhores romances da literatura gaúcha: "Ibiamoré, o trem fantasma". Roberto vive no Rio de Janeiro, é filho de Mário Martins, o médico que, junto com Cyro, implantou a psicanálise no Rio Grande do Sul. Ele escreve: "Que livro bonito! (acho que é a melhor qualificação em todos os sentidos).Dá para sentir a emoção com que foi organizado e feito, o cuidadoso respeito à verdade. E a figura de Cyro surge mais humana ainda, com uma personalidade ao mesmo tempo simples e complexa, contraditória às vezes, como somos todos."

Maria Helena Martins, a filha de Cyro, respondeu a Roberto:
"Eu queria mesmo que o livro fosse assim, bonito em todos os sentidos, verdadeiro. Mas as pesquisadoras e os autores superaram expectativas. Me emocionei a cada página lida, sinto-me rodeada de irmãos, muitos dos quais nem tinha conhecimento maior."

Abrão Slavutzky disse bem: "missão cumprida'.

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* Artigo publicado no jornal “A Platéia”, Livramento, 29/01/2009.

** Jornalista e escritor. Autor, com Núbia Silveira, da biografia Cyro Martins 100 Anos - O homem e seus paradoxos. Cachoeira do Sul, Defender, 2008.